terça-feira, 23 de agosto de 2016

DESSA VEZ A CULPA NÃO É SUA.

O homem que não sabia amar.

A verdade é que nem ele sabia o porquê que suas relações sempre não vingavam, no início tudo parecia maravilhoso. A verdade é que não foi fácil ele perceber que, quando saia de um relacionamento para entrar em outro, sempre levava consigo algumas bagagens mentais e clichês emocionais desbotados e empoeirados. Acima de tudo, trazia para a nova relação a crença de que precisava encontrar a metade da laranja que lhe completaria, assim a ideia alimentada de que teria que ter uma mulher para lhe tirar do lodaçal da solidão era muito forte.

Depois de algum tempo de relação aquele homem parava de fazer, absolutamente, tudo para agradar e seduzir. Na cabeça dele era necessário que a outra pessoa o amasse de forma tão intensa e irrestrita que pudesse abonar sua negligência afetiva. Aquele homem entendia o amor com um martírio, ou seja, sem sacrifício emocional permanente de sua parceira, tudo era insuficiente para aquela criança disfarçada de homem. A lógica era insana e cruel, àquele homem precisava da privação, anulação emocional do “outro” para sentir especial e amado. De forma narcisista acostumou-se a ser amado, claro sem a contrapartida necessária.  

Algumas pessoas não conseguem manter uma relacionamento afetivo, em parte, por acreditarem que cabe ao outro apenas a missão de dar amor e afeto, daí a procrastinação emocional do parceiro abre alamedas para a queixa recorrente de não receber o que acredita merecer.  

Assim sendo,  costumam dizer que fazem tudo, claro quando visto como sinônimo de prover materialmente a companheira. A rota do afeto obedece uma trajetória de mão dupla, por isso aquele que tem pressa de ser amado, deve também sair na frente na arte de deixar o outro ser feliz, ou seja, só pra reforçar que no máximo podemos não impedir o "outro"de ser feliz;  pois muitos acreditam que poderão fazer alguém feliz ou serem premiados com a felicidade quando encontrarem o principe encantado. Ser um facilitador do sonho do "outro" revigora o afeto da relação, promove a cumplicidade e pavimenta o caminho do amor.

Por vezes, basta não fazer muitos esforços, ora, conter apenas o ímpeto de impedir a realização do outro em nome de um amor exclusivista,  já é um bom caminho para pavimentar a estrada que leva até você a manifestação de amor em forma de reconhecimento e gratidão. Enfim, aquele homem só mudaria o cenário afetivo, quando ele tomasse a inciativa de amar antes de ser amado.


Marcos Bersam

Psicólogo

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