“VERDADES” DA MULHER BALZAQUIANA.
O fato aconteceu distante das
paredes do consultório, assim não conseguindo mais precisar onde, quando e como
ouvi uma frase que ficou reverberando em meus ouvidos. O
anonimato da pessoa que disse teria sido total, se não fosse o tom de voz
inconfundível daquela mulher que tinha vivido mais de trinta primaveras, ou
seja, a única certeza era que tal frase tinha sido dita por uma balzaquiana. Incerto de qual grau de parentesco com a adolescente,
só pude perceber que a ordem, aliás camuflada de recomendação era assertiva,
firme e não vacilava. Assim sendo, o transeunte mais distraído, pode escutar
perfeitamente: - Menina, já te falei que hoje não é dia de namorar!
Desprovido de um tema e com
necessidade de fazer uma mea culpa com o esgotamento de minha inspiração, na últimas
semanas, vi nessa frase um elixir de salvação para o blog e o site. Afinal, depois dos 30 anos costumamos reforçar
crenças e “verdades” que não sabemos muito bem de onde saíram, por isso o
último recurso para escrever sobre psicologia é observar uma pessoa dos 30 aos
40 anos.
A crença de que existe local,
dia e momento para amar é muito mais forte do que imaginamos, por exemplo,
algumas pessoas acabam procurando no casamento a certeza de um calendário
afetivo que nunca acontece. Aquela adolescente não conhecia essas regras,
queria amar sem convenções, rir sem pedir permissão, brincar enquanto não
precisava fingir-se de séria e adulta.
Aquela mulher de trinta anos, claro, bem
intencionada precisa adestrar a forma de amar daquela jovem incutindo a crença
de que o amor precisa ser agendado. Tal
crença reforça o tédio de relações afetivas no futuro. Por fim, aquela menina queria namorar todo dia, sim;
talvez nossa balzaquiana estivesse saudosa e ressentida da época em que viveu o
gosto de amar, sem combinar de antemão com o calendário.
Marcos Bersam
Psicólogo whats: 32 98839-6808
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