sexta-feira, 5 de agosto de 2016

CHORAR COM DIGNIDADE.

CHORAR SOZINHA!

As pessoas tinham notado que você não estava bem, ou seja, não tinha mais como disfarçar sua prostração, o desinteresse por tudo dava o contorno exato do que estava vivendo. As lágrimas eram apenas o transbordamento necessário de tantas amarguras. Então, olhos inchados de tanto chorar eram uma constante, algumas vezes, chegava a acreditar que não tinha mais lágrimas.  A vontade era de pedir ajuda, mas não reunia forças necessárias para pedir socorro, pois a depressão tinha fechado a porta de saída.  

Confinada dentro de você mesmo, sem como pedir socorro e com uma cota de tristeza para ser expurgada, decididamente, havia algo que precisava ser colocado para fora; não podia ser apenas aquele choro convencional e rotineiro. De fato, parecia que uma dor maior precisava  soltar para fora de seu peito, Intuitivamente, você, precisava estar sozinha na sua intimidade para a catarse necessária. Algumas pessoas acabam dizendo o seguinte: Ah! Tive que entrar no banheiro e chorar sozinha!

Não era a vergonha que fazia você recolher-se num cômodo ou um aposento de porta trancada, na verdade precisava entrar dentro de sua intimidade e sondar o que te afligia. O choro sozinho é uma forma de conversar com seu sofrimento, não é apenas um alívio;  mas, sim, um processo de cura. Às vezes, na pressa de querer sair em disparate para enxugar as lágrimas do outro, não deixamos ele chorar tudo que precisa, assim sempre fica algo lá dentro.

Então, não era medo e receio dos outros perceberem sua dor, até mesmo porque esse choro sozinho não tem tantas lágrimas, tão somente soluços da alma. Com a intenção de manter sua dignidade, talvez conversar com sua dor mais profunda para dar um outro significado.  Enfim, distante dos conselhos de ser forte, ter fé, ver o lado bom da vida, reconhecer as conquistas, apenas queria ser fraca em toda sua plenitude.  Por fim,  o choro não era restrito a miseras lágrimas, o corpo encolhido; alma soluçante; joelhos arqueados no solo davam condições de encontrar o apoio necessário para
alavancar e impulsionar uma nova tentativa de continuar sobrevivendo.


Marcos Bersam
psicólogo


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