terça-feira, 9 de agosto de 2016

MANIA DE ESTAR CERTA.

Feitiço das palavras.

Fala alinhada com o bom português, assim aquela jovem mulher discursava em causa própria. De repente surgia novos argumentos sensatos que justificavam o seu discurso, naquele instante estava enfeitiçado com a eloquência dos argumentos dela. Ou seja, não havia espaço para negociar e concordar com tamanhas evidências apresentadas na ocasião de suas queixas.  De repente, recobrei minha lucidez mediana e rebelei com o estado hipnótico, afinal não podia apenas   menear a cabeça concordando com seu discurso.  A temática de sua fala propunha atribuir a seu marido os motivos de estar ali, naquele consultório, sem assumir sua parcela de responsabilidade daquela relação que ,segundo ela, avinhava-se do fim do casamento. De fato, o capricho na concordância verbal noticiava a forma esmerada de comunicar daquela mulher, porém, recobrei à tempo a minha função de terapeuta..

A queixa tinha sobrenome e endereço certo, aliás ela queria mais do que um interlocutor, ou seja, precisava de um consentimento de sua inocência. De fato, era inegável a sensatez com a lógica, de resto, o senso de justeza dos seus argumentos emolduravam seus argumentos. Assim sendo, a inteligência daquela mulher, com uma astucia felina incrementada com um sorriso farto, aliás tornava-se um pretexto para seduzir o que estivesse nas imediações.

A grande questão é que ela queria me convencer que o marido deveria mudar, por exemplo, ela sempre acreditou que ao casar-se com fulano teria a chance de mudá-lo. A questão é que ela nunca aceitou o jeito bronco e chucro do namorado. O altar foi uma carta precatória afetiva, ou seja, ela acostumada a ter controle de tudo, também imaginou que teria do futuro marido. No entanto, a convivência e o desgaste da relação fizeram ela ficar insatisfeita com a impotência de mudá-lo. 

A fala sedutora dela era tão somente uma tentativa desesperada de controlar , no mínimo, a forma de ver do terapeuta. Ao ver que ela não mudaria o marido, em tese,  precisava controlar a percepção daquele que a escutava. A decepção de não ter conseguido me convencer e controlar minha forma de ver e pensar,  claro,  coincidiu com a frase: Ah! Vou parar um pouco com a terapia.  Finalmente, ela queria despedir da terapia com mais um argumento sensato, porém, desonesto;  ou seja, a falta de tempo. 

Marcos Bersam
Psicólogo

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