segunda-feira, 7 de novembro de 2016

MULHER SULFITE- Quando o divã não respeita fronteiras.

MULHER SULFITE
Ela pensava na sua vida não só no divã, então, qualquer lugar poderia se tornar extensão da sua terapia. Qualquer circunstância despertava emoções recolhidas em seu íntimo. O planejamento era apenas ir até à papelaria mais próxima pra completar a lista de material do filho. A lista exigia o papel sulfite e, naquela oportunidade, não lembrava como era aquele papel.
De repente, ela bradou:
- Não sabia que isso era o papel sulfite!
- O papel oficio é o papel sulfite?!
Sem conseguir disfarçar sua perplexidade, sentiu-se idiota durante uma fração de segundo. Ela nunca soube que aquele papel, tantas vezes, usado para diversas finalidades, também era conhecido com esse nome estranho. O papel sulfite ali, naquela ocasião, não serviu apenas para provocar constrangimento, mas também para puxar o novelo de suas emoções mais íntimas.
Algumas vezes nos apresentam as coisas, sem termos a chance de conhecer suas definições. Com ela, também acontecia a mesma coisa, ela se sentia estranha demais nos últimos tempos.
Órfã de uma explicação, carente de definições e sem justificativas para suas emoções tudo podia ser útil naquela altura da vida, claro até mesmo ser encarada pelo papel sulfite. De repente suas amigas arriscavam dizer que era depressão, na contramão sua bisavó materna, ainda viva, jurava ser vento virado ou espinhela caída.
De uns tempos para cá, ela tinha vontade de chorar, porém não conseguia verter lágrimas. A dor não tinha combinado com o almoxarifado das emoções a cota de choro. A situação era que diante da angústia, tinha acostumado a fazer de conta que estava tudo bem.
Ela queria amar, todavia, não sabia por onde começar. Sempre lhe disseram que devia começar amando a si mesmo. Depois de ler tudo sobre autoajuda, ainda se sentia perdida no labirinto de suas emoções. Sentia que precisava ir, mesmo sem ter decidido o destino. Queria chegar, sem ter partido.
Fazendo coro com o resto de sua vida, na ocasião precisava sentir saudade de algo. No máximo, conseguia sentir um abismo crescer dentro de si mesmo. Antes de sentir falta precisava da cumplicidade da lembrança. Invertendo a lógica da saudade, cogitava sentir falta do que nunca teve.
A vontade de ir não era possível, pois não tinha um itinerário confiável, então, conseguiu a pensar numa fuga. Toda fuga precisa de um planejamento mínimo, a fuga só é interessante quando nos afastamos do que mais tememos. Ela fugia para dentro de si mesmo, ou seja, o lugar mais ameaçador que ela conhecia.
Por fim, quando ela foi apresentada ao papel sulfite na papelaria, claro, levou um susto. Diante de si estava o retrato de sua vida atual, ela lembrou que faltava não só entusiasmo, mas, sim, repertório emocional para classificar o que acontecia dentro dela. Ela sabia que aquilo não era de hoje, talvez tivesse começado muito antes dela ter a necessidade de justificar para os outros o que sentia atualmente.
Afinal, aquela mulher se rebelou contra todos os que queriam explicações, quando sentiu uma ligação forte, uma espécie de parentesco descoberto na última hora. O papel sulfite fechado, lacrado e sem graça estava, ali, olhando para ela.
Ele precisava ser resgatada daquela papelaria , da mesma forma, que necessitava encontrar um pote de tinta que pudesse colorir e rabiscar sua vida com alguma emoção.
Por último, ela foi para a papelaria buscar o papel sulfite, porém, esse foi o passaporte para reconhecer a urgência de redesenhar uma nova existência. O papel queria ser rabiscado sem parcimônia, perder o semblante pálido e sem graça do branco usual.
Embora aquela mulher não tivesse tanta lucidez, também necessitava colorir sua vida com a vivacidade das cores do amanhã. A escassez de definições para certos momentos da vida, faz o imponderável ser útil nas circunstâncias mais distraídas.
O papel sulfite foi o reflexo de um alma cansada e, ao mesmo tempo, a esperança de recomeço, pois , em tese, aquele papel tinha urgência também de ganhar sentido.
Num pacto silencioso, tendo como testemunha as paredes daquela papelaria, ficou acertado o seguinte entre aquela mulher e o papel sulfite:
-Vamos recomeçar!


MARCOS BERSAM
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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

PROGRAMADA PARA OBEDECER.

CARTILHA DA “BOA MOÇA”


A programação tinha acontecido lá na adolescência, assim você tentou seguir a cartilha da “boa moça”. Afinal, sempre foi adestrada socialmente, muitas vezes, sua educação foi um esboço pálido de um condicionamento. Naquela oportunidade você tinha que fazer sem perguntar, obedecer sem questionar.

Por isso, sempre lhe foi dito o seguinte:

-Manda quem pode!
-E obedece quem tem juízo.
O clima de sua família reforçava a crença de que uma “boa moça” tinha que ter cautela e paciência. A independência emocional sempre foi um artigo de luxo. Os seus sacrifícios eram justificado pela certeza de que ao chegar no mundo adulto e num futuro não tão distante, em tese, desfrutaria da glória de ser recompensada com os louros da felicidade.
O tempo passou sem você perceber, então eis que levanta um dia tendo aquilo que te falaram que traria felicidade, ou seja, um casamento, profissão, filhos e uma família igual aquelas de comercial de margarina. Sem conseguir localizar onde errou, sente o gosto amargo da frustração de não sentir-se feliz.
As pessoas que te olham imaginam que você tem uma vida de contos de fada, no entanto, como aprendeu a não contrariar as expectativas alheias, faz coro com a imagem que você construiu. Afinal, você não tem coragem de desmontar na altura da vida a imagem de “boa moça” feliz.
Então, prisioneira de um ego cansado, você, teima em ser o que os outros esperam que seja. A sua essência ficou negligenciada. 
A ansiedade acampou na sua rotina, por exemplo, convive com a inveja daquela sua amiga que não sabe da realidade de sua vida. Naquele instante o problema não é cobiça velada, mas, sim a saudade de algo que nunca teve.

Afinal, na sua intimidade você sabe que algo não vai bem na sua vida, as aparências não são reais. De modo solitário, você se sente culpada, aliás chega a pensar:
Não posso reclamar, tenho tudo!

De certa forma tem tudo que disseram que faria você feliz e realizada, suas prioridades sempre foram as que pertenciam ao “outro”.
A dúvida, às vezes, é apenas um grito desesperador de não querer mais ter as certezas alheias.
Chega um dia que a certeza do “outro” não cabe mais na sua vida, daí mesmo em meio a ansiedade opta em conviver com a dúvida e incerteza.
A situação é desesperadora, pois junto com a culpa você sente-se solitária. A situação de sentir-se única e sozinha nesse lamaçal existencial confisca a esperança de mudar. Nesse momento, você, tem pressa de resolver a sua vida, porém, nem ao menos sabe onde quer chegar.
Quando estamos com pressa, sem termos decidido o destino, costumamos caminhar no sentido oposto da chegada. O alívio chega sem alarde e de forma singela, quando você fica sabendo o seguinte:
- Você não está sozinha!
Marcos Bersam

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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

VOCÊ SE OLHA, MAS NÃO SE ENCARA.

CANSADA DOS ESPELHOS.

Naquela manhã ela acordou, porém, não despertou. Ao realçar sua maquiagem em frente ao espelho olhava, mas não conseguia se encarar. De repente, quis acreditar que ainda era a pessoa da noite anterior. De uns tempos para cá, cada manhã, antes de ir trabalhar era um inferno, ou seja, o dia prometia muitas preocupações.

Ela deu um jeito de cobrir todos os espelhos de sua casa, assim só restava o do toilette por insistência do seu marido.

O espelho tinha sido motivo de incômodo, de algum modo o espelho estava sendo sincero demais com ela. No máximo conseguia mirar numa parte do seu corpo, fosse a boca para retocar o batom ou os olhos para realçar o rímel. Jamais se ver de corpo inteiro, pois o senso de inteireza lhe faltava.

A verdade é que aquela mulher sempre acreditou ser o que os outros disseram que precisava ser. Nesse redemoinho emocional ela reforçou suas frágeis certezas. Assim sendo, parecia cada dia ser uma pessoa diferente. Atualmente, ela gostava de rock, porém, não faz muito tempo, se esbaldava na gafieira.

Exibia seu status de mulher casada, mesmo colecionando mais momentos infelizes e se sentindo mais sozinha do que nos tempos de sua solteirice. As amizades de hoje não exalavam o cheiro da inocência e cumplicidade de sua infância.

Longe de si mesma colecionava uma existência de faz de conta.

A aparência provocou um eclipse em sua essência, isto é, tinha sido violentada por um ego que era servo da conveniência social.

De repente, estava cansada de usar o verniz da “mulher feliz”.

Em síntese percebeu não ter raízes, logo parecia ter crescido de cima para baixo.

A sua profissão lhe dava orgulho, por isso em qualquer oportunidade de preencher um formulário, sacava da bolsa sua identidade profissional para assegurar o ela tinha dúvidas, ou seja, sua importância e relevância enquanto indivíduo. De fato, apesar de todo orgulho e o status profissional, o tempo de sua aposentadoria estava avizinhando bem mais rápido do que ela desejava.

Afinal, tudo que ela gostava, possuía ou se realizava, estava com os dias contados. Ela nunca percebeu que havia uma distância entre o que ela era de verdade e sua autoimagem-ego. O espelho interno era sua consciência, na impossibilidade de cobrir este, contentava-se em brigar com os espelhos de sua casa.

Ela era o que acreditava ter, seja o diploma, a faculdade, o casamento, os gostos, as preferências, as amizades. Porém, ela precisava existir sem a exigência de ter adereços do mundo adulto.

O que mais lhe irritava era a frase:

Você tem tudo!

Durante muito tempo também acreditou salvar “todo mundo” de problemas. Uma espécie de esteio familiar.

Na verdade, que quase toda mulher possui o ímpeto de cuidar e proteger a coletividade.

Experimente observar uma mãe com seu filho e um pai na hora da refeição e não estranhe se a mulher desligar o botão de sua fome em prol dos filhos. A mulher tem, o desejo intenso de acolher e cuidar. Talvez seja por isso que algumas mulheres escolhem homens vulneráveis, que não sabem cuidar de si mesmos e, depois de certo tempo, aquele homem torna-se seu filho.

Aquela mulher não acreditava que tinha a idade que constava em sua certidão de nascimento. Ela conversava consigo mesma:

-As pessoas não me conhecem mesmo!

-Não sou tudo que eles imaginam!

A mulher não gostava de pessoas que lhe bajulassem, assim de alguma forma as pessoas que aplaudiam sua casca emocional não eram prestigiadas em seu íntimo. De alguma forma, de uns tempos para cá, aquela mulher começou a se aproximar de pessoas que não possuíam ligação com seu universo exterior.

Na verdade, queria aproximar-se tão somente de si mesma. As pessoas estranhas eram atalhos, ou melhor, a aproximação era um gesto de honestidade pessoal de procurar fazer as pazes com sua essência.

Ela precisava ser ela mesma, então, cansada de representar, ia começando a não sentir mais vergonha de ter preguiça, contrariar expectativas, dizer não, de ser tão responsável. A ideia era ir ao encontro ao que ela sempre foi, para recuperar e libertar “a criança interna” que foi convencida a crescer antes do tempo.


MARCOS BERSAM
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terça-feira, 18 de outubro de 2016

TESTEMUNHA DO AMOR

Testemunha do Amor.

Ah! Aquela mulher tinha tudo na ponta da língua quando era indagada sobre o motivo de ser daquele jeito, assim ia levando a vida cavalgando nas suas certezas. Desde muito pequena teve experiência traumáticas com as figuras masculinas. O pai era indisponível afetivamente e nunca deu mostras de que era uma pessoa confiável emocionalmente. Depois, decepção com irmãos e familiares, sem falar, claro, no primeiro casamento. As dores de sua vida  tinham sobrenome: Homens.

- Não confio em homem nenhum! São todos iguais,  dizia ela.

A verdade é que ela tinha essa crença e postura na vida. Para continuar sobrevivendo, aquela mulher construiu certezas em cima das cicatrizes emocionais. Por isso, a estratégia era a fuga para jamais reviver a ameaça dos maus tratos masculino.

Relacionamento era o que mais temia, porém, a vigilância constante causa fadiga. Aí, nesse momento, a dúvida germinou de forma abrupta em seu cotidiano. Quando ela menos esperava, sem tempo de fugir ou preparar uma defesa, conheceu uma pessoa que fazia tudo ao contrário do que sempre viu nos homens do passado. Desconfiada e precavida começou a perceber que aquele homem se importava, escutava e sabia apoiar quando ela mais precisava. Na verdade, ela depois de muito sofrer, começou a pensar.

-Não mereço! Tem algo errado! Vou terminar!

-Será que ele é diferente?

-Estou apaixonada?

A dúvida parece ser parceira do amor em momentos em que o coração está tão machucado. Naquela ocasião depois de inúmeros tropeços começou a ver que  havia uma pessoa que se importava com ela. Em um misto de espanto e esperança tinha que admitir que ela podia estar errada, ou seja, os homens não podiam ser todos iguais. Sem se importar em estar “certa” ou “errada” , apenas quis dar uma trégua e pacificar seu interior.  

O amor, para nascer naquele coração, precisava antes desmontar as defesas daquela mulher. O coração dela não era intransponível como parecia.

Apesar de muitos conselhos das amigas,   sofridas e invejosas, seguiu em frente. Então,  quis acreditar que aquele sujeito não era igual aos demais e que, na verdade, o amor tem esses caprichos. Ele faz você duvidar para depois construir outras certezas.  Aquela mulher precisa da dúvida da mesma forma que a lagarta precisa rastejar para um dia voar.  A dúvida era o nome da chave certa para abrir seu coração por dentro.

A primeira coisa para dar certo é acreditar na possibilidade. A verdade é que ela foi salva pela dúvida e resgatada pela esperança de que nem todos os homens eram como um dia ela achou que fossem. Aquela mulher não conseguia entender se aquele relacionamento era um prêmio ou espécie de compensação divina pelos dias de luta. O amor acampou na rotina daquela mulher, de fato, aquele homem era diferente. Por vezes, ela ainda acreditava estar sonhando. 

Só mais pra frente conseguiu ter a certeza de que tinha feito a escolha certa, em seguir seu coração e acreditar que nem todos os homens eram iguais. Afinal,  isso aconteceu depois do nascimento do seu filho que, por  um desígnio superior,  era um filho homem. Aí, sob as bênçãos do céu, aquele filho era mais um sinal de que as certezas confeccionadas pela dor precisam ser ultrapassadas,  principalmente quando a brisa do amor contorna sua existência.

O amor usou a vida daquela mulher como altar da redenção, a  coragem dela de contrariar suas crenças foi determinante para o desfecho final. Finalmente, depois de tanta peleja, aquela mulher tornou-se testemunha do amor e, claro,  de todos os prodígios que tal sentimento costuma provocar. Naquela altura da vida  ela não tinha tantas certezas sobre os homens, aliás isso ficou em segundo plano. No entanto, restou apenas uma certeza:

- Seja feliz , sem consultar suas certezas.

Marcos Bersam
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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

PEDIDO DE SOCORRO FEMININO.

NÃO ME DEIXE SOLTA!
Psicologia feminina.
Não era uma pássaro, nem uma pipa em tempestade ou uma embarcação em um  mar revolto.  Uma gaiola, um linha nova ou uma âncora, era a urgência naquele momento. Ou seja, aquela mulher não pedia, ela exigia que algo externo a controlasse.
De uns tempos para cá, ela se sentia ameaçada não por algo externo, e, dentro dela, notava a perda do controle e, assim,  sentia que precisava  garantir sua sobrevivência emocional na relação.
Durante algumas primaveras elas teve certeza de tudo, ou melhor, na verdade, de forma dogmática, vivia balizada por crenças repassadas pela família. A ideia era crescer, casar, ter filhos e se aposentar. No entanto, na álgebra de seu universo feminino quanto mais somava certezas, menos feliz ela  ficava.
Costumo dizer que só é pior que sua dúvida, a certeza emprestada do “outro”. Quando descobrimos que tudo aquilo que acreditávamos são dogmas e verdades relacionais, claro, descobrimos que elas, um dia, não nos cabem mais.
A certeza do “outro” é como uma roupa que encolhe o tecido na primeira lavagem. Afinal, quando isso acontece, abraçamos a ansiedade e somos arremessados para o epicentro do furacão emocional.
Aquela mulher passou uma vida inteira tendo  tanta certeza de tudo que  todos não ousavam   duvidar dela, principalmente, o marido. No entanto, de uns tempos para cá,  ela começou a sentir um calafrio diferente e  seu olhar não era mais o mesmo.
Alguma coisa tinha acontecido dentro de sua alma e  parecia que brotava, de maneira tímida, uma nova pessoa . A certeza que ela sempre ofereceu a todos começou a lhe incomodar, afinal, naquela fase da vida, queria se permitir duvidar de tudo um pouco. A certeza dela deu garantias demais a todos e a  tornou uma pessoa previsível ao extremo.
A sua lealdade era uma certeza inegociável e, como um dogma, não era cabível qualquer questionamento. Assim sendo, de forma anônima observava atentamente o trepidar de suas emoções mais internas. No auge da dúvida ela disse assim a seu marido:
-Você não está me deixando muito solta?
O marido de forma desentendida perguntou?
-O que você quer dizer?
Na verdade nem ela sabia dizer e traduzir tal pedido, talvez ela quisesse de forma inocente um pequeno freio, uma apólice emocional do momento novo. A incerteza e a dúvida era um mundo novo para ela, pensamentos e fantasias estranhas assombravam suas emoções. Desta feita, possibilidades e fantasias extraconjugais saltitavam em sua mente atormentada.
O que ela mais queria era uma liberdade vigiada, em tese, sem precisar ao certo que havia uma distância entre o que queria e o que precisava. A única corrente que ela conhecia eram suas certezas e dogmas de “boa moça”, entretanto, as correntes tinham ficado durante tanto tempo em seus tornozelos que desenharam marcas profundas na pele.
Ela tinha a possibilidade de ser livre, porém, as marcas em seu calcanhar lhe  lembravam que sua alma ainda mantinha correntes  intactas. No desatino de saber que podia mas não devia, as correntes imaginárias de suas certezas regeneravam mentalmente. Os dogmas familiares, as expectativas alheias, as certezas dos “outros” não lhe serviam mais. Finalmente, ela pedia socorro não ao marido, mas tão somente falava consigo mesma.
Ela pedia uma coisa, porém,  sussurrava outra:
- Preciso ter minhas certezas!


Marcos Bersam

Psicólogo
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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

VIVENDO ANSIOSAMENTE.

Oceano de Distração.
Epidemia de Ansiedade.
Depois da bola de cristal ter voltado da oficina, resolvi testá-la nesse artigo para ver se tinha voltado ao normal. Avesso a bruxarias, o artigo pode causar perplexidade nos céticos de plantão. A coincidência de veracidade descritas, aqui, no texto, é apenas fruto de uma imaginação combinada com o testemunho ocular de como anda a mente das pessoas.
Nesse exato momento, permita fazer uma retrospectiva dos últimos acontecimentos. Afinal, seu celular parece bambu em tempestade querendo cercar o vento, ou seja, milhares de mensagens chegam a todo instante. Aquele grupo que você já colocou no silencioso durante 01 ano teima em inundar a memória do celular com vídeos de péssimo gosto.
São tantas mensagens que você começa a ver por partes, aliás, pula a maioria delas. Não consegue ler uma mensagem do início ao fim, os áudios você nem abre mais. O grupo que você participa já está incomodando mais do que tudo, só falta a coragem de sair.
Certa vez, uma pessoa me revelou que ficou mais de 02 horas, no fim de semana, apagando vídeos, claro, para liberar a memória do celular.
Então lhe perguntei:
Por que não sai do grupo?
-Não tem jeito! Eles ficarão chateados.
O oceano de distrações nos cerca de forma covarde. Como dar atenção a tanta coisa ao mesmo tempo? As mesas das pizzarias estão repletas de pessoas cabisbaixas verificando mensagens, ninguém fugiu tanto do presente como nos dias atuais.
A ansiedade dos tempos modernos aproveita o celular para dizer de forma indireta para a pessoa que está ao seu lado o seguinte:
-Não me interesso por você!
-Quero ir para outro lugar!
-Aqui está ruim!
-Lá é melhor do que aqui!
A paciência e tolerância são habilidades que não dialogam com o sujeito ansioso, assim, numa época que tudo tem que ser rápido, veloz e urgente não temos espaço para “futilidades”. Amantes não conseguem perder tempo de fechar os olhos para beijar, serem felizes sem postar um foto, por exemplo.
Algumas pessoas precisam se certificar de que os amigos do face estão vendo fotos de felicidade no exato momento em que estão em viagem de férias.
- Qual o motivo de termos necessidade de tantas testemunhas?
- Estamos felizes ou eufóricos?
O dia ficou pequeno, o seu trabalho lhe permitiu comprar todos os aparelhos de entretenimento e você continua vivendo no tédio absoluto. A cama dos seus sonhos foi comprada recentemente, porém, não conseguiu financiar a paz de espirito e o sono necessários. Os pesadelos vieram junto com o bem estar.
Sem contar que não se lembra mais direito das coisas, sua memória começa a falhar, junto com dificuldade de se concentrar. O descanso é visto, por vezes, com culpa. Atualmente, você tem a melhor suíte, porém, quando comprou o colchão não te venderam junto o sono necessário. No máximo, obteve de brinde pesadelos.
Assim você quer que o elevador chegue mais rápido, com isso, fica apertando sem parar o botão no andar do desatino; a comida no microondas não pode aguardar o apito do término, a irritação quando seu celular demora para encontrar rede ou quando o seu computador demora a ligar.
Tudo que é lento te irrita.!
Por fim, as pessoas começam a te irritar, por exemplo, os primeiros a sofrer são os velhos e as crianças. Então, seu filho te irrita com tanta pergunta; seus pais lentos pela própria idade sofrem com sua impaciência.
Afinal, você tem pressa.
A ansiedade emoldura suas atitudes. No trabalho aquele amigo mais lento te irrita, seu emagrecimento não aconteceu na velocidade que a dieta prometeu, a felicidade não chegou no tempo esperado, muito menos sua promoção.
Num oceano de distrações você não foca em nada, perde oportunidades únicas. A verdade é que tudo que é necessário precisa da calma para ser contemplado. A pressa inverte a hierarquia do que é urgente, necessário, importante e supérfluo.
Você acorda cansado, extenuado e não aguentando mais a rotina. Quando imagina que vai descansar ainda tem que responder uma mensagem urgente no celular na hora do jantar, e ainda precisa ver o noticiário da noite.
Afinal, disseram para você ficar bem informado do que acontece no mundo exterior.
E, lá dentro do seu mundo interior tem um letreiro luminoso dizendo:
-Diminua o senso de urgência!
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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

PARE DE FAZER PROPAGANDA DE SUAS SUPOSTAS INCAPACIDADES.

NUNCA TENHA ORGULHO DE SUAS LIMITAÇÕES!

Quando tentei iniciar esse artigo, abruptamente, uma sensação de apreensão acampou na antessala de minha mente. Afinal, relutava em perceber como meu combalido repertório de adjetivos e predicados evidenciava sua escassez. A ideia era descrever uma árvore, estou falando da sequoia gigante, que é encontrada no hemisfério norte. Acredito que chamar de árvore essa espécie, não é justo, talvez até uma ofensa.  Na verdade, ela é uma embaixadora da plenitude celestial na terra, um monumento da natureza, quiçá do universo.  Algumas chegam à marca impressionante de mais de 100 metros de altura, sua longevidade permite atingir milhares de anos. Nesse ínterim, pensei se uma delas tivesse a cabeça do ser humano , com direito a todas suas crenças e limitações.
Com certeza, no máximo, atingiria a altura máxima de 3 metros, sem falar que não viveria mais do que alguns míseros anos.
O ser humano tem a  habilidade de ter orgulho de suas limitações. Algumas pessoas costumam propagandear suas supostas incapacidades, como se isso fosse sinônimo de modéstia. A confusão é terrível. A modéstia é você não precisar falar dos seus feitos, tal como sequoia que convive na floresta com o inseto mais diminuto. Portanto, declarar-se um incapaz e enumerar o que não consegue ou ainda não faz bem é uma forma de vitimizar-se. Se você tem orgulho de suas limitações precisa, urgentemente, de ajuda.
Naquela conversa com  essa pessoa. Ele lhe diz assim:

- Cheguei no meu limite!
- Isso não é pra mim!
- Não nasci para isso!
- Desculpa qualquer coisa!
- Não sei fazer!
- Quem me dera!
- Coitado de mim!

A verdade é que somos excelentes em divulgar nossas mazelas, por vezes, temos a necessidade de criarmos uma imagem de vítimas. Isto é, não é porque somos modestos, mas, sim, covardes. A ideia inconsciente de manter essa imagem é para que você não tenha que chamar a responsabilidade da ação para sua vida. Quando você confessa seu fracasso e suas limitações de antemão, cria uma atmosfera antecipatória para seu fracasso. Algumas pessoas dão desculpas para a falta de realização e, com isso dizem:
-Não te falei!
-Eu sabia!
-Não tem jeito mesmo !
-Sou um fracasso.

Deste modo, algumas pessoas chegam até mim e dizem:
Não aguento mais!
Nesse instante, digo para a pessoa que, agora, é que ela vai conseguir. E, não demora muito ela passa a dizer o seguinte:
- Nem sei como consegui fazer!
A verdade é que o mesmo pensamento que nos diferencia do animal, faz também nos aprisionar em crenças debilitantes. O que você acredita não conseguir não é uma realidade, ou seja,  sua mente apenas tem suposições acerca do limite de suas realizações. Você deve estar se perguntando:
- Mas o que tenho a ver com a sequoia gigante?
A sequoia e você são parte da parentela cósmica. Existe um lastro de vocação para a superação, em ambos, logo não necessitam  de ter orgulho de suas faltas, imperfeições e limitações.
Por último, resta serem monumentos vivos no santuário, chamado planeta terra.


Marcos Bersam
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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

PSICOLOGIA DA MULHER DEPOIS DOS 30

EPIDERME EMOCIONAL DA MULHER DEPOIS DOS 30.

Naquela manhã ela acordou de forma estranha, tudo estava como antes, entretanto, a sensação era de despersonalização, ou seja, não tinha ainda vivenciado nada igual. Apressadamente, fez um inventário de suas lembranças, mas não encontrou nada que pudesse justificar a estranheza experimentada. Antes de sair para o trabalho, cumpriu o ritual de escolher o batom mais acertado para aquele dia.

Quando foi fechar a gaveta notou um protetor solar , esgotado, quase pelo fim, ali, escanteado no fundo da gaveta. Quando foi escovar os dentes, notou outro frasco, de protetor solar, fator 50, a encarando com toda sisudez que cabia naquele momento. Nesse instante travou um diálogo consigo mesma.

- Tenho que comprar outro protetor solar!

Naquele momento o protetor solar despertou um gatilho, acionou a percepção de que algumas linhas de expressão se avolumavam em sua face. De alguma forma, depois de certa idade a preocupação do protetor solar é quase um indicativo de que você já cometeu muitas loucuras com sua epiderme. Naquele instante lembrou de quando ficava exposta à radiação solar sem critério, durante horas, no sol escaldante, com suas amigas. Naquela época não imaginaria que um dia sua pele ficaria ressentida. Naquele lapso mental, disse:

-Por que não comecei usar antes?

Ela ficava em dúvida se o protetor era eficaz, pois a ardência vinha do lado avesso da pele-de dentro. Sem saber ao certo o que era, desconfiava que o protetor estava vencido.

Na verdade aquela pessoa entrou em uma fase de ponderação, naquela altura da vida não era mais permitido abusar. A palavra de ordem era conscientização e cautela, assim recomendava com propriedade a todos o que podia ser prejudicial e perigoso.

Enfim, ensinava o que nunca tinha aprendido.

Depois de muitas loucuras, desatinos, aquela mulher precisava de cautela não só com a pele, a proteção emocional também era urgente. Assim sendo, a pretexto do protetor solar tomava consciência do desleixo da epiderme da alma.

A exigência de se proteger das agressões emocionais externas era urgente, o protetor solar era indispensável, pois ela quando o usava de alguma forma se redimia da culpa de ter negligenciado o cuidado que deveria ter tido durante mais tempo.

As suas emoções também estavam desbotadas e ofendidas por amores impossíveis e desatinos relacionais. Atualmente, estava em uma entressafra emocional. A maneira de se proteger foi ficando distante de tudo e de todos, numa forma de não se expor mais. Afinal, restava para aquela mulher, alojar-se em um bunker afetivo, distanciando-se emocionalmente de todas as possibilidades do amor verdadeiro.

O protetor solar naquela manhã havia despertado a percepção das agressões que foram provocadas em sua pele externa, assim a reboque foi levada a perceber com rigor a epiderme interior, isto é, o forro de sua alma.

Sem saber como se proteger da ameaças emocionais, tornou-se para si mesma a própria ameaça, quando se isolou em uma armadura emocional que a protegia do que vinha de fora, claro, cozinhando na fervura o que deixava de sair de dentro de si mesma.


Marcos Bersam.
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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

QUANDO VOCÊ TEM TUDO QUE PRECISA.

Psicologia do Quadro.

Não era o dia certo para tentar arrumar o que não tinha feito durante meses, assim aquele dia tal quadro olhou pra mim e gritou silenciosamente: - Me coloque na parede! Então, mesmo sendo fim de tarde, num sábado chuvoso, pensei: Ah! Na falta de um programa melhor vou dar um jeito nessa situação e colocar ele na parede.

Então, logo lembrei que uma furadeira seria necessária, portanto revirei minhas coisas e descobri que ela não estava no lugar que deveria estar, aí pensei: -Vou arrumar uma com um amigo. Quando liguei pra ele, ele me deu a seguinte noticia: 

-A minha está estragada.

Estava lascado, eu tinha que ter uma furadeira! Epa! Como assim? Será? Minha mente deu uma guinada e pensei o seguinte: Não preciso da furadeira, ou seja, na verdade preciso de um buraco na parede. Quase desisti de pendurar o quadro por achar que precisava da furadeira, na verdade eu precisava apenas de um furinho. Por vezes, achamos que a forma de chegar a um objetivo é só do jeito convencional, ou seja, da forma que todos sempre fizeram. É muito comum acreditarmos que nos falta meios, quando na verdade o resultado pode vir de formas criativas e não convencionais.

O jeito foi usar um prego e um martelo improvisado, no final o resultado foi o mesmo. O furo estava lá, pronto para receber o quadro, embora diferente do que recomendava a maneira tradicional. O quadro foi para a parede depois de muito tempo no chão.

E o que isso tem a ver com a psicologia?

De fato, algumas pessoas entram no meu consultório reclamando que não tem furadeira, isto é, não tenho marido, não tenho diploma, não engravidei, não fui promovido, não consegui fazer a cirurgia plástica. A pessoa na verdade não quer uma furadeira, ela quer apenas o resultado que a furadeira pode oferecer, às vezes, encontramos desculpas de não termos a furadeira mais moderna. Queremos na verdade só o furo na parede, o essencial acaba sendo subestimado.

A mulher não quer a cirurgia plástica, que apenas sentir-se valorizada pelo marido e sair da invisibilidade emocional; a pessoa que não tem uma relacionamento ou casamento, na verdade, , não quer apenas um par de alianças, tão somente quer uma segurança emocional que o outro jamais vai dar.

Assim, diariamente, encontro pessoas que tem “paredes pálidas”, quadros desperdiçados atrás das portas, em busca de furadeiras. Porém, na verdade, falta o óbvio, isto é, o pequeno furo. A autorrealização faz você entender que para ser feliz é uma decisão intransferível e inegociável, quando a atitude conduzir suas ações, logo o furo acontece à revelia da furadeira. 

A vontade é a melhor forma de decorar as paredes de sua alma.

A furadeira é apenas a forma moderna de fazer o que os antepassados sempre fizeram, ou seja, contentarem-se com seus recursos atuais para atingir a felicidade. Afinal, quando você decidir ser feliz por conta própria pouco importa o que está por detrás do quadro na parede, um prego, uma cola, um arame, um parafuso.
O que importa mesmo é a paisagem mental proporcionada pelo quadro de suas emoções, por exemplo, sem precisar conter o júbilo de emoldurar sua vida com atitude simples e singela.

Marcos Bersam
Psicólogo.
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terça-feira, 13 de setembro de 2016

QUANDO A BOCA ENTRA DE GREVE.

Como você tem beijado?

Apesar de ter sempre ouvido que a greve tradicional não surte tanto efeito como em  tempos áureos, definitivamente, você,  não entendia o que tinha acontecido com sua boca; assim divorciada das emoções, desconexa do corpo, entrincheirada no tédio, claro, na hora decisiva deixava você na mão. 


O problema maior era que tal greve não tinha mais uma pauta de reinvindicações emocionais, de certa forma ela começou a pensar que não tinha direitos assegurados pela constituição do desejo. Sem saber qual sindicato à representava, que categoria pertencia, assim não conseguia sentar na mesa de negociação, ou melhor, na cama, para fazer uma contraproposta. Sem saber ao certo o que acontecia e mesmo com a sensação de estar perdida, parece que o motim tinha espalhado pela fábrica dos sentimentos.


Então, em meio a um silêncio e imobilismo cortante, a boca do seu parceiro ficava também paralisada, num misto de espanto você ficava atônita, pois a linha de produção não conseguia mais produzir beijos.

Observando um pouco mais atentamente parecia que a boca era apenas o reflexo de outras coisas que também estavam em greve, não era só o beijo que não acontecia, quando ele teimava em dar as caras acontecia depois do café da manhã na pressa para ir trabalhar. De forma medíocre, com gosto de margarina você sentia saudade do gosto da saliva. Ah! Como você sentia saudades daquele tempo que você sabia beijar, embora não tenha tido muito tempo quando você era uma excelente beijoqueira. Atualmente, você fica em dúvida se sabe ainda beijar. 


A greve da boca e dos beijos não ficou apenas restrita aos momentos de intimidades, quando menos esperava o diálogo tinha saído de cena, as caricias e elogios escasseavam na pressa do dia à dia. O afeto parecia ter tirado férias sem te avisar. O beijo não tinha espaço na agenda, pois para beijar precisava de pausa, ou seja, o beijo é o melhor pretexto para ancorar o presente -  no aqui e agora, por fim trapacear o tempo. 


O fechar dos olhos é apenas o ritual para o beijo suplicar a gratidão de estar vivo, numa espécie de oportunidade de imobilizar o universo. Os amantes sempre querem parar o tempo, como não conseguem fecham os olhos para não serem testemunhas de que o mundo continua a girar lá fora. No entanto, a tv pendurada no quarto, o inferno do celular ao lado do travesseiro, onde acendiam luzes em faces entristecidas pelo apagar da chama da paixão. O beijo não podia acontecer na alcova que ,nos últimos tempos, tinha se tornado uma repartição pública enfadonha, logo a boca tinha que ir para cama  e contentar-se com o analgésico pastoso, em forma,  do creme dental de menta.


Marcos Bersam
Psicólogo clínico

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HOMEM INDECISO NO CASAMENTO.

NÃO QUERO ME SEPARAR
Homem confuso demais.

Fantasiosamente, experimente imaginar a seguinte escolha: Você prefere pular do décimo oitavo andar ou do décimo nono andar, em queda livre, numa piscina rasa e pequena? Órfão de uma opção mais sensata, você não via outra opção a não ser escolher qualquer uma. Na verdade, a decisão por uma delas, levaria você a um gesto suicida. Desta feita, aquela mulher estava no mesmo dilema, em meio a falta de outra opção, tinha diante de si a escolha de continuar ou não seu relacionamento. Aquele homem sempre a deixava confusa quando o assunto era continuar a relação, ele era categórico ao dizer: - Não quero me separar!

Na cabeça daquela mulher aquela frase, sem sentido, por vezes, parecia uma declaração de amor tímida, assim mesmo sem dizer o que queria para a vida dele. Ela acostumou-se, na maioria das vezes, a ser uma vidente, isto é, tinha que imaginar o que ele queria, pelo que ele não queria. A forma negativa de se expressar comprometia os objetivos daquele casal. Quando ela perguntava se ele queria filhos, ele contentava-se em dizer: Não quero ficar sozinho nessa casa!

A loucura e dificuldade da comunicação se avolumava, ela entendia que ele queria amar e ser feliz com ela, porém, ele nunca disse isso. Ele era o mestre de dizer o que não queria, ela carente de saber o que ele queria para a vida. Algumas mulheres acostumam-se a ouvir sempre a forma negativa, e, com isso ficam confusas diante do que o “outro” quer para sua vida. De fato, homens imaturos dizem muito o que não querem, logo em raros momentos afirmam o que querem e precisam.

O fato de não querer separar nunca significou que ele tinha decidido ser feliz ao lado dela. Algumas vezes, afirmar o que não quer é uma estratégia do medo, por isso muitos passam a vida dizendo e afirmando para si mesmo o que não querem. Outro dia lendo um e-mail fiquei surpreso como a pessoa me dizia o que ela não queria, por exemplo: - Não quero ser traída, não quero ser desprezada, não quero ficar sozinha. Nesse emaranhado do que ela não queria, não sobrava espaço para o que ela, de fato, queria da vida.

Algumas mulheres contentam-se com o não querer do companheiro, talvez numa esperança de ouvir o que sempre sonharam. A negação é a pior forma de falar o que você precisa e sente. No entanto, aquela mulher não queria separar-se, ou seja, queria apenas recomeçar e renascer de outra forma para a vida. Ela não conseguia dizer de forma afirmativa: Eu quero ser feliz e recomeçar!

Afinal a convivência do marido fez ela tornar-se aprendiz da arte do NÃO, perdeu não só a coragem, mas também a lucidez de sua escolha. O marido diz não querer separar-se, claro não por amor, tão somente por medo de ficar só. A insegurança existencial fazia ele confundir apego com amor, comodidade com segurança.

Nesse ínterim, era celebrado um acordo velado entre o casal, a vida era emoldurada pela certeza do que não se queria, faltava a atitude de querer explicitamente. O querer na relação não pode acovardar-se no que não se quer, nos relacionamentos nem sempre o que precisamos contempla o que não queremos.


Marcos Bersam 
Psicólogo.

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