quinta-feira, 25 de agosto de 2016

SÓ ENXERGA DEFEITOS.

MANIA DE CRITICAR TUDO.

Não era uma arena montada para o UFC, porém, o clima de animosidade como todos que tentavam conviver com aquela pessoa era terrível. Os golpes e pontapés vinham em forma de um azedume jamais visto, então relacionar-se com aquela pessoa era um verdadeiro combate, que desencorajava até mesmo um legítimo samurai. A forma de agredir era através de uma incessante crítica de tudo, assim imerso numa modalidade de queixa total ia levando a vida de forma sofrida, talvez amenizada pelo cargo de chefia numa loja mediana.

A grande questão é que a receita para o sujeito ter olhos apenas para o que falta, ou seja, enxergar apenas o lado ruim das coisas e acostumar-se a ser o juiz de todos e tudo é iniciada na infância. Se você quer construir uma pessoa com facilidade em condenar e ficar o tempo todo criticando e apontando defeitos é, provavelmente, por conta da criança ter sido criada num ambiente de censura total. 

O crítico de hoje tem grande chance de ter sido a criança reprovada e julgada intensamente no passado, numa família severa e por pais e cuidadores que apenas tinham olhos para o que faltava. Nessa modalidade de criação o elogio nunca pode vir sozinho, quando elogiado é necessário o pai dizer o seguinte: - Boa nota filho, mas podia ter sido melhor! 

O problema não é a pessoa corrigir, educar e colocar limite, mas não conseguir criar um trégua para realçar o que pessoa fez de certo, sem a necessidade de ter que dividir com algum detalhe. Algumas pessoas não conseguem elogiar, sem fazer alguma ressalva.

Daí então, uma das possíveis saídas daquela criança que sofreu bombardeio de críticas é também ter aprendido que condenar é uma estratégia para não reviver a semente do fracasso pessoal que foi plantado na infância. Ao deslocar para o exterior o modo severo de ver os fatos, enxerga apenas o que falta e ainda tem coragem de dizer que é apenas uma crítica construtiva.

O adulto enxerga no outro o que ele acredita ter sido na infância- um fracasso, ou seja, o rigor de hoje é apenas um bálsamo, de última hora, para as lembranças soterradas no inconsciente. Então, a consciência de ser pai na sua plenitude, em tese, implica em entender que seu lar pode ser a melhor escola do mundo ou, claro, o reformatório mais cruel.

Marcos Bersam

Psicólogo 

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