terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Psicologia de Banheiro


É bem verdade que a minha já modesta veia literária apresentava sinais de uma inércia e letargia preocupante; a verdade é que isso tudo agravado pela pressão da minha meia dúzia de leitores da internet. E sempre bom ressaltar que entre eles minha mãe e meus irmãos. Os amigos mais próximos me achincalhavam; a minha falta de inspiração era motivo de escárnio. Nesse clima de pressão descomunal de escrever algo novo e original fui salvo por um problema hidráulico inesperado no banheiro de minha residência. 
O insight aconteceu como sempre deve acontecer sem esperar e sem avisar. Que tal me aventurar pelas idiossincrasias comportamentais do homem e na mulher nos banheiros? 
Vou fazer uma pequena ressalva quanto ao comportamento das mulheres no banheiro; caso cometa algum equívoco. Vou contar de antemão com a tolerância dos leitores internautas; pois não tive tempo hábil de recorrer a nenhuma consultoria feminina. Creio que com esse parêntese possa errar mais do que de costume. Quando uma mulher vai ao banheiro sempre convida a outra; ou seria o inverso; a outra insinua de maneira sutil e acaba se oferecendo de companhia? 
Quando uma mulher entra sozinha no toalete pode sair de lá proseando e já trocando telefones para uma possível amizade. No interior do banheiro trocam segredos e pequenos comentários despretensiosos. A certeza que temos é que um banheiro emudecido não é feminino. 
Já o homem tem uma particularidade que destoa do sexo oposto. Quando esse último  se dirige ao banheiro; é fruto de uma decisão acertada. O verdadeiro homem não titubeia e muito menos solicita a companhia de mais testosterona com ele. A situação de solidão é levada tão a sério que se ele pudesse  arrancava o seu ego e o colocaria sobre a mesa do barzinho do lado do chope para realmente estar plenamente sozinho. Ao tomar atitude de levantar-se e ir ao banheiro por um instante parece que o esfíncter migra temporariamente para o cérebro; a capacidade de discernimento está comprometida. Com passos largos e afoitos ; a marcha do homem em direção ao toalete é inconfundível o semblante transparece agonia e ânsia. Nessa jornada em direção ao banheiro o homem não tem paciência e muito menos tempo a perder; a prioridade do esfíncter enrtorpece o senso de solidariedade; a cognição fica comprometida e o egoísmo aponta sem acanhamento. 
O homem que realmente que ir ao banheiro em momento algum é parado; alguns recusam socorrer a própria mãe pelo caminho. Algumas teorias dizem que a única maneira de interromper a ida ao banheiro é aplicar um golpe marcial que pudesse desacordá-lo. 
O homem ao entrar no banheiro é adepto de um silêncio ensurdecedor; tal como num templo. O ritual de urinar é respeitado por todos numa espécie de irmandade secreta com valores seculares. Homem que se preza sempre se demonstra auto-suficiente; o verbo pedir fica esquecido no interior de qualquer sanitário chinfrim. Solicitar um favor ou um sorriso pode revelar para os demais algum desvio ou aspecto duvidoso na sua masculinidade. O olhar do homem também no sanitário deve ser policiado; pois o mesmo pode ser encontrado fortuitamente por outro olhar temendo ser comparado ou vigiado e isso da um angústia aniquilante. 
Algum macho afirma que fitar outro macho desconhecido olho no olho; principalmente dentro de um banheiro público causa insônia e na melhor hipótese pesadelos terríveis. Parece que há um código entre os homens de sempre entrar olhando nos banheiros para o teto ou para o chão. A repressão masculina no banheiro é o medo da comparação; alguns homens comparam o jato barulhento do xixi; outros , o pênis do seu amigo ao lado; outro tem dificuldade de ficar a vontade num banheiro lotado.  
Na contramão disso a mulher age diferente; essa quando esta a caminho do toalete mantém a cognição apurada o senso de percepção continua intacto; ela é capaz de atender ao celular; conversar com a amiga; reparar o decote da mulher que caminha ao lado e ainda trocar gentilezas com uma amiga que não vê há muito tempo. A mulher não tolera a ausência de um espelho e de um rolo de papel higiênico de qualidade; o banheiro do sexo feminino tem que ter sutilezas que agradem principalmente os sentidos da visão e do olfato. 
O homem não está interessado em nada disso, ficar num banheiro para o homem é perder tempo. De modo geral o banheiro funciona para ele recarregar suas baterias e sua estratégia de conseguir ficar com alguém. 
Hoje o banheiro masculino é o momento também do uso do telefone celular . É impressionante como o sinal é melhor dentro do banheiro; lá parece que as mensagens chegam com mais presteza e as ligações são mais eficientes. A verdade, amiga internauta, é que o homem que combina celular e banheiro são extremamente perigosos.      
Acredito que o banheiro para mulher é lugar de aprendizagem; uma espécie de teatro catártico onde ela pode chorar; se emocionar; ter esperanças receber conselhos. O ideal, talvez, fosse um serviço de Buffet com poltronas felpudas que pudessem dispensar o conforto do ambiente externo. 
Da mesma maneira que o ritual de entrar no banheiro entre os sexos é diferente; a forma de sair também é única. Homens não se cumprimentam ao sair do banheiro; a mão passa a ser uma parte do corpo intocada; no máximo um cumprimento verbal ou uma tapinha nas costas. Há uma concordância e uma polêmica em torno do lavar as mãos ao sair do banheiro masculino; logo alguns afirmam que lavar as mãos é acabar sujando-as mais. 
E isso é formidável; a maior briga de casais por causa do banheiro depois de casados é porque cada um trata essa parte da casa de modo peculiar; imagina como poderia dar certo e não haver conflito nessa convivência que dificilmente é amistosa. Então, amigos leitores, se você já brigou ou discutiu sobre o estado que usa ou deixa o banheiro é perfeitamente esperado que haja conflitos. 
Finalmente, pode-se dizer que tudo tem o lado legal; o termômetro de que você está casado com o sexo oposto é a freqüência dos desentendimentos quando o assunto é o uso do banheiro. Agora ,se você convive harmonicamente com o seu parceiro quando o tema trata do uso do toalete; carece que você analise mais minuciosamente a masculinidade ou feminilidade do seu parceiro. Afinal, afinidade no sanitário é coisa de iguais; se você gosta do sexo oposto aprenda desde já a celebrar o conflito no banheiro.

MARCOS BERSAM
PSICÓLOGO CLÍNICO

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