segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

COMECE EMAGRECENDO PELA CABEÇA

Não demora muito e todo ano é a mesma coisa; o verão começa a dar a sinais e logo as pessoas ficam preocupadas com a forma física. E aí aqueles indesejáveis quilos extras começam a incomodar mais do que deveriam. E junto com barriga que teima em agigantar-se frente aos espelhos; as gorduras são emolduradas por estrias e celulites que decretam o desespero da maioria das pessoas. 

E não é de estranhar academia lotada; aulas lotadas; esteiras e bicicletas sendo disputadas a tapa. As aulas parecem mais com um campo de treinamento militar; a pressa para liquidar a forma indesejada não respeita os limites de cada um. Os médicos engrossam as estatísticas oferecendo verdadeiros venenos com bula e avalizado pela indústria farmacêutica. 

Então tudo faz sentido quando entendemos que o hedonismo dos dias atuais anda de mãos dadas com a comodidade; então tomar tal capsula; remédio ou ser cortado por um bisturi e receber um implante de silicone é muito mais sedutor do que a proposta de rever e se defrontar com medos, angústias e conflitos que muitas vezes são apresentados no divã; ou num processo psicoterapêutico. Não é difícil você perceber que os muitos malhadores foram os potencias pacientes psiquiátricos de ontem; que muitos submetidos a cirurgias plásticas de amanhã são os consumidores de antidepressivos de hoje; que o destino pelo corpo perfeito é um sintoma da insatisfação existencial. 

O paliativo está aí; mas a causa não é interessante trabalhar. Afinal a indústria necessita do mito corpo magro e perfeito, alavanca as vendas. Apesar dessa busca desenfreada pelo corpo perfeito o que a maioria esquece é que as emoções desajustadas comprometem tal emagrecimento. Qualquer pretensão de emagrecimento que desconsidera a saúde psicológica esta fadada ao insucesso. As pessoas comem porque estão felizes; ora para comemorar o casamento; formatura ou aniversários ou as pessoas comem por estarem deprimidas e entristecidas tal como a perda do emprego; brigas conjugais ou autoestima comprometida. 

A relação com a comida vem desde a infância; quando o bebê chora a mãe ansiosa não pensa duas vezes e manda comida no neném; o mesmo sente dor e qualquer desconforto e lá vem mais comida. Nessa equação sempre há a comida como pano de fundo as emoções. Hoje qualquer SPA mediano tem na sua equipe um psicólogo; pois não adianta você fazer aulas coreografadas perfeitamente; dispor de esteiras de última geração ou de um personal competente. Se as suas emoções estão desajustadas; se você não está em equilíbrio. 

Segundo especialistas 73% do gasto calórico do ser humano é realizado para permitir o metabolismo basal; onde você terá dispor de calorias para manter suas funções vitais funcionando; tal como batimento cardíaco; pressão arterial; temperatura corporal. Outros 15% é com a termogenese; isto é com o malabarismo do aparelho digestivo faz para processar o alimento. E outro pequeno percentual é destinado à atividade física. A verdade está aí; o lugar para começar a perder aqueles quilinhos extras é na cabeça; a personalidade; as emoções são indispensáveis para moderar e seguir uma alimentação saudável; a pessoa ansiosa come desenfreadamente e sem noção da quantidade. A comida passa a ser instrumento de punição ao sujeito. Isso sem nos esquecermos da bebida que complica ainda mais o cenário. 

O bisturi; as caneleiras ou os halteres não atingem a alma; nem corrige suas imperfeições nem aquieta a angústia. Não resta dúvida que a atividade física bem orientada é fundamental e bem vinda; mas também é necessário entender o significado da gordura atual. E aí fico na dúvida se ainda hoje vigora a máxima “penso, logo existo’ ou se podíamos também afirmar que nos dias atuais é mais acertado dizer “emagreço, logo existo”.
MARCOS BERSAM
PSICÓLOGO CLÍNICO

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