Fim de Relacionamento.
Vamos continuar sendo amigos?
Na natureza tem espaço para a
diversidade e para uma cota generosa de excentricidade, haja vista, o
ornitorrinco; ou seja, mamífero que bota ovo, tem bico de pato, consegue nadar sem
ser peixe. Afinal, esse animal consegue ser um pouco réptil, ave e mamífero.
Afinal, como conciliar tantas
características diferentes numa mesma existência?
Alguns relacionamentos afetivos
tem semelhança com o ornitorrinco, isto é, depois de um longo período de
relacionamento ficou acertado que o “fim” da relação era a solução mais
inteligente. Entretanto, umas das pessoas levanta a bandeira de que podem ser “amigos”,
em tese, parece psicologicamente correto, aliás, na novela das 08, você, já viu
situações assim. Ao enveredar por essa postura, por vezes, você, adquire características do ornitorrinco.
Em determinado momento, eis que se perde no afã de suportar tudo, em nome de um
futuro distante, assim, com hálito de reconciliação. A lógica de que suportando, atualmente, receber pouco pela oportunidade da amizade, agrava a resolução da perda. A amizade
torna-se apenas uma barganha desesperadora, para não sentir-se órfão da sensação
de abandono. O que mantém o vinculo da amizade, quase sempre, é o medo de não
ter o mínimo de afeto.
A capacidade de ser amigo, claro, implica na capacidade
de ser confidente. Porém, a capacidade de ouvir o outro na sua integralidade,
torna-se tarefa não muito simples, pois requer não haver feridas da relação.
Enfim, o tempo de cicatrização das feridas, tampouco não acontece no compasso
da vontade e da razão de serem apenas “bons amigos”.
A amizade protela, às vezes, a
dor da separação. O luto da perda é necessário para cicatrizar as feridas, o
tempo é um dos bálsamos mais eficazes nesses casos. A amizade forçada pós-fim
de relação, pode fazer você tentar ser
um amante com jeito de amigo de sauna, sonha com restrições, escuta com parcialidade,
cala-se e omite-se por medo.
No entanto, aceitar a amizade, nesse momento, patrocina
o acasalamento da expectativa com a impossibilidade, logo o resultado é a
inquietude.Nessa postura esquizofrênica, você,
se vê no espelho como um ser estranho, tal como o ornitorrinco. Assim sendo, tem aspecto de ave, mas não
consegue voar para longe da incerteza da aflição, onde imagina ser possível
recuperar a relação de outrora. Por fim, mesmo sendo capaz de nadar, não tem
fôlego de peixe grande para nadar nas profundezas do oceano da autorrealização.
Marcos Bersam
Psicólogo
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