PSICÓLOGO CEGO!
A minha intuição apontava para a recusa como resposta, no entanto, não
sei precisar o que deu em mim, ou seja, tentei subverter a ordem vinda lá do Quartel
General de minhas emoções. Fui perguntado
assim: Um psicólogo pode ajudar alguém sem o recurso da visão? Depois de certo tempo, certamente, aprendemos
a identificar o caráter capcioso de uma pergunta.
Então, respondi com outra pergunta: Um terapeuta experimentado e competente ao
perder a visão-ficar cego; estaria condenado ao ostracismo, teria que deixar de
atuar como psicólogo? Quando um cego decide ser psicólogo teria que recuperar a
visão para exercer seu ofício? Na verdade, a acuidade visual não e imprescindível
no trabalho terapêutico, à emoção escoa por outros deques da alma. Se a visão fosse tão confiável, não seriamos
enganados num show de ilusionismo. A
visão que o terapeuta precisa ter não está nos olhos, à retina da alma não
necessita da integridade dos nervos do globo ocular. Entender que a ajuda não
está confinada em teorias livrescas, em parâmetros medíocres e rasos é o
primeiro passo para auxiliar e amparar. Quase sempre, despir-se do preconceito,
da soberba e do orgulho é o primeiro colírio a ser usado para ampliar a visão e
corrigir o estrabismo existencial. Terapeuta não precisa ser um telescópio
potente para ver as galáxias mais distantes, inclusive, o universo interior do
outro se descortina e se torna visível com a sonda mais importante da ajuda: A
EMPATIA.
Marcos Bersam
Psicólogo
Muito interessante! Aliás, podemos até ponderar que a visão pode até mesmo distrair em algumas situações, tirando o foco do que é importante...
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