FIM OU COMEÇO?
Antes de você sentir que
está no fundo do poço, às vezes, você é visitado pela certeza do término de
algo, o fim de uma história, ou a despedida de alguém. A certeza, aliás, vai dando o contorno de que
não existe mais solução. Na verdade, por
vezes, começamos a desconfiar se existe o fim em si mesmo, ou seja, se você parar
para refletir na sua vida, muitos fins, foram necessário para o começo de algo.
Depois do fim, sempre tem algo, então,
nos faz indagar: Existe fim? A ideia de que o fim existe, inclusive, de que o
nada sobrepõe o dia seguinte gera angústia. Então, faz com que a esperança saia
de cena, o futuro fica embotado sob os grilhões da depressão. A recuperação da
saúde emocional coincide com uma nova leitura dos “fins”. A existência do fim
existe, mais em nossa cabeça do que no mundo real. Algumas pessoas dizem pra
mim o seguinte: achei que tinha terminado com fulano, achei que não tinha mais
medo, achei que tinha superado isso ou aquilo. O fim é algo mítico, uma espécie
de lenda urbana. O que muda na verdade são as nossas expectativas em relação ao
outro, a nós mesmos. Certamente, a mudança nos leva a pensar que o fim se
aproxima, pois a nossa forma obtusa de perceber as coisas nos leva ao
autoengano. Entender que reconhecemos a água no estado liquido, não significa
que ela possa deixar de existir em outro estado (sólido-gasoso). O restabelecimento das forças e coragem é
alicerçado na crença de que o fim pode ser o começo, inclusive, essa aptidão
para lidar com o fim é arquetípico. Por isso, as religiões, o divino, a fé são
lampejos de que precisamos reinventar o fim. Finalmente, a fé, entretanto, é a
tentativa milenar de exorcizar o fim. Essa situação gera uma reticência na alma;
impulsiona e agasalha no útero do amanhã, assim, o parto de um novo começo.
MARCOS BERSAM
Filosoficamente lindo !
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