FALTA-ME ALGO.
A conta bancária tem crescido
cada vez mais; na garagem o carro do ano, ainda, reluz sua pintura metálica; você
já não se lembra de quantos lugares conheceu nos últimos anos. O passeio ao
shopping é sempre regado a muita compra. Nesse cenário, você vive uma vida confortável,
entretanto sem o gosto da conquista. Você tem tudo, porém, isso acaba sendo
sentido por você como exagero e demais. Assim, você começa a se questionar o
seguinte: será que se tivesse menos seria mais feliz? Na verdade o problema não
está no conforto, mas, sim, na falta de sentido e do senso de utilidade. Quase
sempre, você é poupada de trabalhar fora de casa, inclusive, com a seguinte
frase: Não te falta nada! Você tem tudo. Aí, você sente-se culpada, e quando não
é isso, também, é acusada de ser ingrata pela vida que tem. Então, às vezes,
quem brilha é apenas um dos parceiros, o outro fica com a vida paralisada. A
sensação de que a vida é monótona é ditada por uma vida de doação e sacrifício
não reconhecido por um dos parceiros na relação. Na verdade, a materialidade
não proporciona esse preenchimento, a sensação de desfiladeiro impregnado na
alma, a erosão nas encostas das emoções, também, aponta comprometimento do
terreno mental. Assim, faz-se necessário entender que o rico; é quem menos
precisa de algo. Ora, quem mais
necessita , às vezes, é o endinheirado de hoje, por conseguinte o pedinte emocional
de amanhã. Enfim, para quem o suficiente sempre é pouco não resta outra saída,
do que se entulhar de supérfluo e ser arrastado para a sensação de falta
permanente.
MARCOS BERSAM
PSICÓLOGO
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