terça-feira, 18 de outubro de 2016

TESTEMUNHA DO AMOR

Testemunha do Amor.

Ah! Aquela mulher tinha tudo na ponta da língua quando era indagada sobre o motivo de ser daquele jeito, assim ia levando a vida cavalgando nas suas certezas. Desde muito pequena teve experiência traumáticas com as figuras masculinas. O pai era indisponível afetivamente e nunca deu mostras de que era uma pessoa confiável emocionalmente. Depois, decepção com irmãos e familiares, sem falar, claro, no primeiro casamento. As dores de sua vida  tinham sobrenome: Homens.

- Não confio em homem nenhum! São todos iguais,  dizia ela.

A verdade é que ela tinha essa crença e postura na vida. Para continuar sobrevivendo, aquela mulher construiu certezas em cima das cicatrizes emocionais. Por isso, a estratégia era a fuga para jamais reviver a ameaça dos maus tratos masculino.

Relacionamento era o que mais temia, porém, a vigilância constante causa fadiga. Aí, nesse momento, a dúvida germinou de forma abrupta em seu cotidiano. Quando ela menos esperava, sem tempo de fugir ou preparar uma defesa, conheceu uma pessoa que fazia tudo ao contrário do que sempre viu nos homens do passado. Desconfiada e precavida começou a perceber que aquele homem se importava, escutava e sabia apoiar quando ela mais precisava. Na verdade, ela depois de muito sofrer, começou a pensar.

-Não mereço! Tem algo errado! Vou terminar!

-Será que ele é diferente?

-Estou apaixonada?

A dúvida parece ser parceira do amor em momentos em que o coração está tão machucado. Naquela ocasião depois de inúmeros tropeços começou a ver que  havia uma pessoa que se importava com ela. Em um misto de espanto e esperança tinha que admitir que ela podia estar errada, ou seja, os homens não podiam ser todos iguais. Sem se importar em estar “certa” ou “errada” , apenas quis dar uma trégua e pacificar seu interior.  

O amor, para nascer naquele coração, precisava antes desmontar as defesas daquela mulher. O coração dela não era intransponível como parecia.

Apesar de muitos conselhos das amigas,   sofridas e invejosas, seguiu em frente. Então,  quis acreditar que aquele sujeito não era igual aos demais e que, na verdade, o amor tem esses caprichos. Ele faz você duvidar para depois construir outras certezas.  Aquela mulher precisa da dúvida da mesma forma que a lagarta precisa rastejar para um dia voar.  A dúvida era o nome da chave certa para abrir seu coração por dentro.

A primeira coisa para dar certo é acreditar na possibilidade. A verdade é que ela foi salva pela dúvida e resgatada pela esperança de que nem todos os homens eram como um dia ela achou que fossem. Aquela mulher não conseguia entender se aquele relacionamento era um prêmio ou espécie de compensação divina pelos dias de luta. O amor acampou na rotina daquela mulher, de fato, aquele homem era diferente. Por vezes, ela ainda acreditava estar sonhando. 

Só mais pra frente conseguiu ter a certeza de que tinha feito a escolha certa, em seguir seu coração e acreditar que nem todos os homens eram iguais. Afinal,  isso aconteceu depois do nascimento do seu filho que, por  um desígnio superior,  era um filho homem. Aí, sob as bênçãos do céu, aquele filho era mais um sinal de que as certezas confeccionadas pela dor precisam ser ultrapassadas,  principalmente quando a brisa do amor contorna sua existência.

O amor usou a vida daquela mulher como altar da redenção, a  coragem dela de contrariar suas crenças foi determinante para o desfecho final. Finalmente, depois de tanta peleja, aquela mulher tornou-se testemunha do amor e, claro,  de todos os prodígios que tal sentimento costuma provocar. Naquela altura da vida  ela não tinha tantas certezas sobre os homens, aliás isso ficou em segundo plano. No entanto, restou apenas uma certeza:

- Seja feliz , sem consultar suas certezas.

Marcos Bersam
Psicólogo Clínico
Whats: 32 -98839-6808
e-mail:marcosbersam@gmail.com
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Skype:marcos.antonio.mello.bersam

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