Testemunha do Amor.
Ah! Aquela mulher tinha tudo na ponta da língua quando
era indagada sobre o motivo de ser daquele jeito, assim ia levando a vida
cavalgando nas suas certezas. Desde muito pequena teve experiência traumáticas
com as figuras masculinas. O pai era indisponível afetivamente e nunca deu
mostras de que era uma pessoa confiável emocionalmente. Depois, decepção com
irmãos e familiares, sem falar, claro, no primeiro casamento. As dores de sua
vida tinham sobrenome: Homens.
- Não confio em homem nenhum! São todos iguais, dizia ela.
A verdade é que ela tinha essa crença e postura na vida.
Para continuar sobrevivendo, aquela mulher construiu certezas em cima das
cicatrizes emocionais. Por isso, a estratégia era a fuga para jamais reviver a
ameaça dos maus tratos masculino.
Relacionamento era o que mais temia, porém, a vigilância
constante causa fadiga. Aí, nesse momento, a dúvida germinou de forma abrupta em
seu cotidiano. Quando ela menos esperava, sem tempo de fugir ou preparar uma
defesa, conheceu uma pessoa que fazia tudo ao contrário do que sempre viu nos
homens do passado. Desconfiada e precavida começou a perceber que aquele homem
se importava, escutava e sabia apoiar quando ela mais precisava. Na verdade,
ela depois de muito sofrer, começou a pensar.
-Não mereço! Tem algo errado! Vou terminar!
-Será que ele é diferente?
-Estou apaixonada?
A dúvida parece ser parceira do amor em momentos em que o
coração está tão machucado. Naquela ocasião depois de inúmeros tropeços começou
a ver que havia uma pessoa que se
importava com ela. Em um misto de espanto e esperança tinha que admitir que ela
podia estar errada, ou seja, os homens não podiam ser todos iguais. Sem se
importar em estar “certa” ou “errada” , apenas quis dar uma trégua e pacificar
seu interior.
O amor, para nascer naquele coração, precisava antes
desmontar as defesas daquela mulher. O coração dela não era intransponível como
parecia.
Apesar de muitos conselhos das amigas, sofridas e invejosas, seguiu em frente. Então,
quis acreditar que aquele sujeito não
era igual aos demais e que, na verdade, o amor tem esses caprichos. Ele faz
você duvidar para depois construir outras certezas. Aquela mulher precisa da dúvida da mesma forma
que a lagarta precisa rastejar para um dia voar. A dúvida era o nome da chave certa para abrir
seu coração por dentro.
A primeira coisa para dar certo é acreditar na
possibilidade. A verdade é que ela foi salva pela dúvida e resgatada pela
esperança de que nem todos os homens eram como um dia ela achou que fossem.
Aquela mulher não conseguia entender se aquele relacionamento era um prêmio ou
espécie de compensação divina pelos dias de luta. O amor acampou na rotina
daquela mulher, de fato, aquele homem era diferente. Por vezes, ela ainda
acreditava estar sonhando.
O amor usou a vida daquela mulher como altar da redenção,
a coragem dela de contrariar suas crenças
foi determinante para o desfecho final. Finalmente, depois de tanta peleja,
aquela mulher tornou-se testemunha do amor e, claro, de todos os prodígios que tal sentimento
costuma provocar. Naquela altura da vida
ela não tinha tantas certezas sobre os homens, aliás isso ficou em
segundo plano. No entanto, restou apenas uma certeza:
- Seja feliz , sem consultar suas certezas.
Marcos Bersam
Psicólogo Clínico
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