Olá amigos internautas, é sempre a mesma coisa. Quando menos espero aparece um cliente no consultório, que vem com esse aforismo: "Não termino nada que começo". As vezes também fora do setting analítico, é possível ouvir uma mãe dizer assim:“meu filho não faz isso, porque não gosta”. Não precisa ser psicólogo, para ver que a velocidade de começar só é menor, do que o desejo de parar de faz. Com isso percebo cada vez mais crianças educadas na pedagogia, do gostou, fez, ou não gostou, parou. E o incrível é que aparecem aqueles psicólogos que garantem que fazer sem vontade traumatiza. E por falar em traumatizar, o palavrinha mal usada, entretanto, isso é tema para um próximo artigo. Talvez por isso, nos tempos modernos, sejamos muitos bons para falarmos em direitos e muito débeis para entendermos deve. A geração de hoje aprende com muita facilidade, que ela tem direitos; são tantos direitos que nem mais sei qual o mais recente. Haja vista a quantidade de estatutos. A educação de hoje é centrada na idéia de que o princípio do prazer deve ser dilatado cada vez mais. É gostoso então faço. Se não é gostoso não é preciso fazer; ou melhor, posso ter a opção de deixar de lado ou adiar, contudo com a anuência dos pais. Não fazer só o que queremos é o principio da civilização; alguns valores e normas não podem ser negociados. Ou seja, você deve ser educado, desenvolver a cortesia; pensar no outro; entender a noção de limite, respeitar; ter disciplina. Na verdade se você fizer o que gosta estará fadado a deixar enraizar em você sua natureza primitiva e animalesca. Uma das formas de não terminar algo é querer fazer tudo ao mesmo tempo ou não sabendo o que se quer. Quando não tenho uma meta tudo se torna atrativo e essa volatilidade de vocações esbarra na falta de foco e de metas. Querer sem ter estabelecido o que, quando e de que forma atingir é a forma mais fácil de não ter sucesso. E não ter descoberto sua vocação fará mais cedo ou mais tarde não ter forças para continuar, e deixar abater sobre você a prostração existencial. Ser generalista e não usar a especificidade é um perigo quando o assunto é objetivo e metas. Vamos dizer que você quer emagrecer; tudo bem, mas de que forma? Quanto? Em quanto tempo? Por qual motivo? Com ajuda de quem? De que maneira? A pirraça usada pelas crianças para evitar algo na vida adulta se transforma em condutas de adultos que fazem mal feito ou pela metade suas tarefa. Então é aquela velha estória sujeito faz um curso aqui, faz outro ali, começa muito inspirado hoje e amanhã desmotivado. Então temos aquela velha situação, o sujeito teve sucesso porque fez o que gostava ou aprendeu a gostar do que fazia? Antes de gostar temos de conhecer, interagir, experimentar. Ninguém escolhe o destino de sua viagem de fim de ano pensando no motorista ou no piloto. Eles são parte da viagem ,sim, mas com certeza você não saberá o nome dele, não irá tirar fotos e nem precisa gostar dele para chegar seguro ao seu destino. Certo? Estou falando isso; pois temos jovens escolhendo a profissão pensando em que disciplina escolar tem afinidade. Tais motivos são medíocres demais numa escolha profissional; ninguém escolhe ir para o fim do mundo porque o piloto do avião tem os olhos azuis. Gosto de português farei isso, gosto de história faço aquilo, mas tem a matemática. Em quase todas as escolhas profissionais você deve gostar de gente, isto é, as profissões existem para ajudar o humano. Quem mantém uma acidez emocional elevada, ou é analfabeto nas emoções, pode comprometer o sucesso de seu fazer. A profissão tem que ser escolhida por um sentido maior . A profissão tem que ter um propósito e tem que reunir a capacidade de proporcionar mudança na vida do outro. A profissão tem que ter entusiasmo, paixão, justiça, utilidade e sentido existencial. A capacidade de escolha de muitos sempre ficou embotada.De modo geral, quem vai nos ajudar também não escolheu nada. Então as suas motivações não podem depender de estar gostando ou não; imagine se a sua capacidade de motivação estiver atrelada a algo tão volátil, como o prazer. Nunca se fez tanto o que se queria, e nunca se teve tantas pessoas frustradas como hoje em dia. Nunca se teve tanta liberdade de escolha, e nunca se ficou tão sem saber qual caminho seguir como nos dias atuais. Faculdades e cursos crescem na mesma velocidade da insatisfação profissional. Tem a máxima que sempre repito:" o sucesso só vem antes do trabalho no dicionário"; Na vida, o sucesso é colhido depois de muito esforço; disciplina; tenacidade e isso não é gostoso, entretanto, pode ser doloroso. Na verdade muitos não terminam seus projetos, porque na verdade nunca começaram de verdade. Entendo que as vezes desistir no meio do caminho é uma forma "inteligente" de sabotar a si mesmo, isto é, a forma de não assumir o risco de ser avaliado. Eu sei que muitos vão discordar, mas começar pra mim é muito mais do que desejar, tentar ou arriscar. Podemos dizer, que começar é acreditar de modo contagiante, talvez algo que se aproxime da certeza encontrada na fé, no qual você transmita e contagie quem estiver perto de você. O entusiasmo do sonho deve ser o indicativo de que você começou algo. Quem sabe não falta você rever sua fala, e pensar no seguinte: " existem muito mais pessoas que não começaram de verdade do que fracassaram ou desistiram na vida"
Dr. Marcos Bersam
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