sábado, 22 de outubro de 2011

DOENÇA DO AMOR


ELE TEM CIÚME DE MIM PORQUE ME AMA. SERÁ?

Olá minha meia dúzia de leitores do site. Devo confessar que sempre sou sabatinado sobre esse tema nos lugares mais impróprios. Para entendermos ciúme temos que falar de inveja, raiva, complexo inferioridade, rivalidade; insegurança, infantilismo, culpa e principalmente medo. Podemos dizer que o medo vai mudando com a idade; ou seja, a criança recém nascida tem medo de barulhos altos e inesperados e aparição súbita de máscaras ou rostos que não sejam familiares. Uma criança por volta dos 06 anos tem medo do escuro ou do bicho papão já o adolescente tem medo da reprovação grupal ou do constrangimento social ocasionado quase sempre pelos pais, ou seja, os famosos “micos”; levar o filho na festa; buscá-lo na saída da balada. A mulher de 30 anos; as balzaquianas, de não casar; e o ancião medo da morte e da solidão. Com isso percebe-se que o medo ganha nuances de acordo com o período existencial do sujeito. Então podemos afirmar que o ciúme é a doença do amor e do medo. Como falei anteriormente um medo diferente, nesse caso medo do abandono, medo de ser preterido; medo da rejeição e de não ser suficientemente bom e atraente para o outro. A origem remonta a vida pregressa do sujeito ter sido ladeada de estórias de abandono; maus tratos; abusos sexuais; doença e risco iminente da morte de um dos pais ou o complexo de Édipo mal resolvido. E quando o sujeito ingressa na vida adolescente e adulta e começa a se envolver afetivamente com um parceiro tais medos que estavam latentes se atualizam de maneira exponencial nas relações. Podemos dizer que as crises de ciúmes de hoje nasceram num passado bem distante e que a tentativa de proteger o relacionamento é uma forma desesperada de reparar as cicatrizes emocionais de outrora. O ciúme é um conjunto de reações frente a uma ameaça real ou imaginária; podemos dizer que todo sujeito medianamente “normal” tem noção do perigo. E aí nos preparamos para lutar ou fugir. Só que algumas pessoas ficam alarmadas por situações apenas imaginárias. Há uma desproporcionalidade entre a ameaça e o perigo real. Imaginemos que você é assaltado; ou atacado por um animal feroz diante dessa situação há um perigo real que justifica toda a conduta de pânico; mas ao contrário você vê uma borboleta ou uma barata e fica sem voz; taquicardia; sudorese e em estado catatônico. Na verdade a ameaça é imaginária e desproporcional ao fato. É isso que a Psicologia chama de neurose. O ciumento sataniza o rival; ora sendo a família; ora o trabalho ou mesmo uma pessoa. O ciumento patológico sempre sabota o crescimento existencial do seu parceiro; pois sabemos que para evoluir precisamos da liberdade e essa traz consigo insegurança e riscos. E isso é tudo que o ciumento quer evitar. O controle da situação é buscado a todo custo. Ele costuma dizer e querer afirmar que é bobagem a mulher malhar; trabalhar fora de casa; ou ter amigos. Ou seja, o ciumento quer escolher as amizades; os programas; os lugares que a pessoa possa freqüentar. Ele pretende oferecer tudo; mas tal conduta não é porque ele é bonzinho; mas por não tolerar a sensação de perda; de descontrole, de risco. Com isso o ciumento acaba procurando deixar o outro sempre dependente dele; seja emocionalmente ou economicamente. Na verdade pode até parecer demonstração de amor, cuidado ou zelo. Só que no fundo o ciumento está preocupado apenas consigo mesmo. A fragilidade egoica e a sensação de insegurança renitente aliada à frustração e raiva do rival fazem com que ele queria se certificar de que jamais será traído. Com isso muitos ciumentos querem e ficam insistentemente querendo saber do passado, de detalhes da vida sexual de seus parceiros; na verdade isso faz com ele não aquiete suas dúvidas. Quanto mais ele pesquisa mais aumenta sua insegurança ele está sempre insatisfeito quanto a inquisição. Quando falamos de ciumento sempre tem um terceiro elemento, um rival. É interessante que ele na verdade está mais preocupado com esse do que com si mesmo. Na verdade por isso dizemos que o ciúme tem um primo próximo que é a inveja. O ciumento tem em si latente a inveja do outro; ao eleger o rival como inimigo ou como algo a ser evitado ele acaba assinando sua condição invejosa. Sempre digo que a inveja é a admiração não verbalizada; o despeito toma conta de você. Um jeito muito eficaz de combater a inveja é admitir que você tenha muito a aprender; que o outro é realmente bom no que faz e pode ser tido como exemplo. É como se o ciumento quisesse ser o rival; na sua fantasia ele sim possui atributos mais interessantes que possam despertar o interesse de seu parceiro. Ou seja, ele elege o outro como mais interessante; capaz; belo, forte, sensual, inteligente. Só que de modo geral o ciumento não tem consciência disso e age com extrema agressividade em relação ao rival; seja falando que o trabalho do parceiro é uma porcaria, que fulano é pobre; que a família não vale nada; ou seja. A pessoa ciumenta tem um orgulho incrível ela diante da ansiedade de menos valia e insegurança engendra mecanismos narcísicos para se iludir e pensar é tudo o que sabe não ser: competente; seguro; assertivo; forte; maduro. Diante do menor erro do outro ele é categórico em achincalhar; humilhar; julgar; agredir sem a menor compaixão. Na verdade a vontade de diminuir o outro e se colocar como o máximo é fruto também de sua neurose. O ciumento também sofre de orgulho; ou seja, para evitar perceber suas limitações ele purpurinaza seu ego. E não precisa ser psicólogo para afirmar que o ciumento patológico é egocêntrico. Ou seja, podemos dizer que em nome do amor e do cuidado ele não se contenta com a felicidade do outro. Na verdade quando o parceiro deseja crescer e viver o ciumento começa a ficar ansioso e incomodado. Temos que dizer também que o ciumento parece captar quem ele deve eleger como parceiro; ou seja, parece que o parceiro do ciumento autoriza de modo inconsciente que ele exerça total controle. Vocês devem ter escutado: vou ver com meu marido se posso fazer isso; se posso voltar a estudar, se posso me matricular em tal curso; se posso. Na verdade temos o que merecemos o parceiro do ciumento quase sempre deu uma procuração em branco para o outro ser dono de sua vida. Nessa confusão de sentimentos o ciúme não prova nenhum amor; o ciúme prova simplesmente o desrespeito ao outro; o apego; a insegurança; o infantilismo da relação. O ciúme pode e vai acontecer sim, pois somos seres com nossas limitações e medos; mas o ciúme para ser normal deve ser passageiro, pontual e transitório e não impedir o crescimento e felicidade do outro. Então o ciúme é como um tempero na relação; na verdade se você for preparar um prato terá necessariamente de colocar o sal; mas a medida exagerada pode comprometer todo o paladar. E aí sabemos que tudo o que fora feito até o momento fica perdido. Seja ciumento da mesma forma que utiliza o sal; não exagere na dose e nem esqueça que a ausência dele faz com que qualquer iguaria perca a graça.

DR.MARCOS BERSAM

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