domingo, 17 de abril de 2011

NÃO DESPERDICE O TEMPO DE UMA MULHER.



Estava guardado em minha mente já fazia algum tempo; não raramente sempre ouço no consultório frases interessantes no que diz respeito ao tempo. Tais assertivas são emolduradas pelo tom agudo próprio e constante do timbre feminino. Estou falando de minhas clientes de quase todas as idades que são unânimes em fazer coro quando o assunto é a temporalidade. Não quero perder tempo! Que futuro tenho com ele! Perdi tempo! É verdade que não fiz nenhuma pesquisa mais apurada; mas sinto que a mulher tem uma dinâmica própria no tocante ao tempo. E a estória se repete, depois de um casamento de longa data com filhos criados é muito freqüente a mulher disparar: “Perdi tempo de minha vida nesse casamento.”; ou na melhor das hipóteses fala que a única coisa boa foram os filhos. A sensação de que tenho é que para a mulher a decepção do hoje macula o passado ou até mesmo faz sentir que o tempo esvaiu sem muita delonga e que tudo se perdeu. Parece que a mulher continua mergulhada na lenda urbana do príncipe encantado; ou seja que o futuro tem que chegar mesmo sem o presente ter se despedido a tempo de ser chamado de passado. Quer acabar com uma mulher não faça planos de futuro; não demonstre interesse no amanhã. A mulher quer mais do que ninguém um futuro mesmo que de faz de conta. Nesse relógio existencial feminino a verdade é que as coisas acontecem num tempo diverso do homem; o homem deixa para o amanhã não só pescaria com os amigos; mas em muitos casos o amadurecimento. O homem brinca com sua “imortalidade”; na medida em que ele pode tudo em termo de tempo. O homem pode ser pai aos 100 anos. E isso causa uma preguiça existencial em amadurecer. A mulher tem marcada no seu próprio corpo a chancela da natureza para começar o ciclo reprodutivo. Estou dizendo que um belo dia a menina é informada pelos pais que todo mês haverá um evento que lembrará de forma inconsciente acredito eu de que não é possível perder tempo. A menstruação parece trazer mais que o sangramento da mucosa uterina; mas sinaliza para o que ainda não aconteceu; lembrando que falta algo. Que o útero só ficará apaziguado na gestação. Estou falando do ritual da menarca; da primeira menstruação. É assim nessa “pressa” biológica que a menina é preparada; a menarca abre contagem regressiva para a mulher poder reproduzir. É bem verdade que hoje em dia cada vez mais é comum o adiamento da maternidade; mas me pergunto: A qual preço. A vida profissional é algo elencado muitas vezes como condição para uma maternidade plena; primeiro você depois o filho. Os manuais de psicologia não se atrevem em afirmar; mas não é bem visto hoje em dia a mãe que não se realizou profissionalmente; ou seja, cadê o diploma universitário; cadê o apartamento; cadê o carro novo. E se de um lado temos a mulher que adia a maternidade; uma sociedade que só quer saber de adolescer o adulto e evitar o envelhecimento do corpo da mulher. A mãe atual não pode ter barriga; não pode ter estrias; não pode varizes pois tais sinais apontam para a velhice; para a morte. E fica às vezes meio complexo para a mulher gerenciar a finitude existencial; numa sociedade que fala demais em preparação; em estética ; no belo e no perfeito ou ideal. E não tem como preparar sem demandar tempo; tempo para operar; tempo para cicatrizar; tempo para ser mãe. É muita coisa para pouco tempo; conciliar o bisturi do cirurgião; a faculdade; o trabalho e ainda tentar ser boa mãe. Está montado o convite para o estresse; o esgotamento e em breve a neurose. A natureza que urge por resultados e o aspecto existencial que também que acontecer. Estou falando de mães que estão tendo filhos cada vez mais sem condições físicas e emocionais; ou seja, a mãe se realiza profissionalmente sim; mas a idade avançada e o estresse natural e cansaço gerado pela pressa em ter chegado aonde sempre desejou causou marcas profundas nas emoções necessárias a maternidade. Estou falando da paciência; da calma; da serenidade e do equilíbrio. As balzaquianas parecem sofrer mais do que todas; as que se aproximam também parece desfrutarem da sensação de que nada acontece conforme o esperado. Algumas nem mesmo ensaiaram sair da casa dos pais. Nesse emaranhado de cobranças e conflitos temos a mulher dos dias atuais; também culpada e oprimida nesse ínterim existencial. Vejo mulheres que parecem se sentirem não tendo a idade que realmente tem; Dr. Nem parece que tenho 40 anos; sinto-me uma menina. E faltou alguém avisar aos outros que essa mulher não se sente adulta. Todos esperam comportamento adulto e maduro de alguém capaz de gerir sua própria vida. Só que a sincronicidade não respeita muito o que deveria estar a acontecer; no íntimo cada mulher constrói um tempo próprio. Então é comum a temporalidade pra mulher gerar conflito com o masculino; a pressa e o senso de urgência confundem a cabeça do homem. O homem não compreende que a engrenagem do relógio existencial para mulher tem outra métrica. Acredito que a maturidade passa pela noção de temporalidade; de finitude; pois sem termos essa dimensão ficamos infantilizados. Então para crescer preciso ser afetado pelo tempo; pelo hoje; pelo ontem e pelo amanhã. Então caso queira evitar alguns aborrecimentos não desperdice o tempo de uma mulher; ou como diria aquela célebre frase: “não desperte o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la”, talvez seja por isso que o inferno está repleto delas. A intenção sem ação é apenas um tempo que não aconteceu. E isso pode ser para algumas mulheres o famoso: tempo perdido.
Dr.marcos bersam

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