quarta-feira, 20 de abril de 2011

Adolescência.



O adolescer caracteriza-se por um período de passagem, de metamorfose do mundo infantil para o mundo adulto.É sempre bom fazermos um parêntese e perguntar-nos o que é mundo adulto hoje? Talvez devido à dificuldade de estabelecer o que uma coisa ou outra; devido à volatilidade do certo e do errado; chamado por alguns de relativismo moral. Temos cada vez mais um ser hibrido que reúne aparência de homem e cabeça de menino. Estou falando do adultescente. Temos também termos no mínimos jocosos; um deles namorido; é o sujeito que é uma miscelânea de marido com traços de namorado. O que é que estávamos falando mesmo? Para que não me perca mais ainda; vamos deixar isso para outro artigo e vamos focar no tema do fenômeno adolescente. Deixe me lembrar dos tempos livrescos da faculdade; lá estava escrito que tal fase é marcada por violentas transformações corporais; trocando em miúdo nascimento de pêlos pubianos; a menarca na jovem; engrossamento da voz no menino; aumento do pênis no menino e isso sem falar nas inconvenientes espinhas que afeta ambos os sexos. Todas essas mudanças fomentam mudanças mentais; causando um desarranjo; um desequilíbrio na psique infantil. E muito comum o pai exigir do filho um comportamento adulto; a sociedade também cobra outra postura do jovem. Em meio a tantas pressões o jovem que não sabe o que fazer costuma muitas vezes identificar com seus pares; pois a empatia gera afinidades impensáveis na família. O grupo passa exercer forte influência sobre o adolescente; transitoriamente oferece um ego transitório para que o mesmo ensaie do seu modo como se dará a nova identidade. E nessa época que ocorrem os famosos micos; o pai vai buscá-lo na festa e isso é motivo de zombaria; um verdadeiro vexame perante o grupo de amigos. Não adianta nesse momento ocorrem constantes conflitos no núcleo familiar; a constelação da família que tinha na figura paterna a personificação do super-herói está em falência temporária. O prestigio dos genitores é abalado por outros modelos; o que conta nesse momento existencial é a opinião do cantor do grupo de rock; o astro do cinema; a preferência do amigo mais velho. Os pais além de não mais serem os heróis; parece que ocupam o lugar de vilões; esses são repletos de predicados depreciativos; o achincalhe aos pais está na cartilha de qualquer adolescente medianamente confuso. E importante frisar que apesar do adolescente demonstrar tais atitudes num misto de desprezo; concomitantemente há sentimento genuínos de amor e afetividade. A ambivalência é algo também presente; mesmo que não pareça o adolescente esconde; falseia e mascara suas emoções de amor; admiração e afeto pelos pais. A sexualidade também vem com força total; a efervescência hormonal culmina com a curiosidade e fator compulsório de arrumar fora do seio familiar o objeto de amor; pela interdição do incesto o adolescente terá a chance efetiva de reviver todo seu Édipo. Sentimentos de ciúme; posse; disputa; ódio e amor serão vividos como se fossem a primeira vez na figura do primeiro namorado. A sexualidade freqüentemente vem acompanhada de crenças equivocadas que fomentam a culpa; o desatino e angústia. Apesar de a adolescência ser vista como um momento de aborrecimento e de mimos; logo é sempre bom desconfiar dos predicados que os adultos elegem para caracterizar os adolescentes. Creio que adolescência é o momento que aprendemos pela experiência; lá acontecem as coisas longe dos livros; é nessa fase que ocorrerá beijo de verdade; que antes acontecia só no mundo do faz de conta; no filme; no romance. Permitir que a dúvida habite de maneira única no campo da certeza; isto é; são certezas duvidosas. Tudo acontece tão depressa e sem ensaio que o tempo é escasso para algum sentimento predominar sobre o outro. Na verdade a ambivalência de emoções é o que desafia o entendimento dos adultos de plantão. O gosto de desafiar o perigo; de romper com o estabelecido; de escolhermos nossos ídolos;nossa música; de construir nossa identidade primeiro tendo a certeza do que não queremos ser. E finalmente acreditarmos nos sonhos de mudar o mundo; haja vista que o seu mundo interno está de ponta cabeça. E no afã de controlar algo, o adolescente se lança na missão grandiosa de mudar o que esta fora dele. É na adolescência que a realidade começa a bater em nossa porta existencial com mais vigor e eloquência.É quando acreditamos nas certezas incertas da vida. É na adolescência que o movimento da vida celebra o que temos de mais apaixonante. Nessa síntese de emoções temos a possibilidade da renovação e de nascermos psicologicamente mais uma vez.

MARCOS BERSAM
PSICÓLOGO CLÍNICO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário