RELACIONAMENTO PERIGOSO
Não aguento mais falar disso!
Ah! Não tinha como disfarçar o seu incomodo, não se tratava de nada alheio ou fora de seu universo. A sua fala repetitiva já não era suportada por ela mesma. De fato, nos últimos tempos, também, acreditava que ninguém mais aguentava ouvir a mesma história.
-Como você aguenta ouvir isso de novo?
A frase era apenas uma senha para si mesmo, ou seja, permitir a tentativa de continuar a absolver sua consciência da culpa de estar presa numa rotina condenada por todos, mas, principalmente por ela mesmo. Era necessário falar um pouco mais daquele relacionamento.
A tentativa de entender aquele relacionamento era um atalho para compreender a si mesmo.
A verdade é que sempre nutriu o desejo de mudança daquele homem, sem saber construiu passarelas mentais de expectativa. A vontade dela tinha ficado adormecida, assim sem saber onde tinha ido parar seu livre arbítrio não acreditava mais na possibilidade de fazer diferente.
A vontade quando fica confiscada na relação indica grau de adoecimento severo. A neurose confisca o livre arbibrio.
Aquele sofrimento emocional que já não era atual, isto é, nascia na ilusão de que ela precisava mudar o outro.
A falta de resignação e a consciência de que era impotente; sim, diante da vida do outro, fazia sua aflição ganhar contornos desesperadores.
Aquela mulher estava sedenta pela mudança externa, porém necessitava de começar o quanto antes a transformação interna. O primeiro passo,com certeza, seria não usar mais as passarelas mentais da expectativa; abandonar as alamedas de uma esperança vencida. Afinal, entender que aquele homem era o que podia ser naquela momento de vida.
Respeitar a impossibilidade do outro; também nos alerta de nossos limites.
Deixar de entender os motivos dele para agir como sempre agiu, em tese, era o primeiro passo para alforriar a si mesmo de sua masmorra mental. Enquanto houver curiosidade pelos motivos do “ outro”, também haverá expectativas e cobranças.
A sua vaidade era alimentada pela promessa de mudança dele.
A sua vaidade estava condicionada a um desafio enorme:
- Sou capaz de mudá-lo!
A dor e desassossego iriam embora quando chegasse a consciência da impossibilidade de mudar o outro, por exemplo conceder a liberdade de deixar aquele homem seguir sua vida como sempre fez.
Ela não precisava ter medo de uma despedida; afinal ele nunca chegou.
A ideia de que houve uma chegada e uma começo, também fazia nascer o pensamento de despedida e abandono.
A impossibilidade da relação fazia despertar nela o seguinte pensamento:
-Não sou capaz de despertar o amor de ninguém.
Ela sempre precisava contar a mesma história; pois, no seu íntimo, a repetição gerava nela o ensaio de um fim necessário e um recomeço urgente e tardio. A resignação precisava ser convidada para a vida daquela mulher; ela precisava aprender que a responsabilidade pelo que ela sentia não pertencia mais aquele homem.
Ela precisava contar a mesma história sem o constrangimento de antes; ou seja; libertar-se da culpa de não ter sido suficiente para alguém. No fim, permitir que o outro fosse o que sempre foi.
Assim sendo, desejar contar a mesma história com a moldura da indiferença emocional é o motivo de sua luta diária.
Finalmente, chegará o momento que sua experiência-história - ganhará o status de testemunho de uma sobrevivente; que aprendeu como é necessário um relacionamento saudável, principalmente consigo mesma.
marcos bersam
psicólogo
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