sexta-feira, 5 de maio de 2017

MEDO DE SER REJEITADA.

Num só fôlego ela tinha conseguido engolir seu nervosismo, tal manobra fez seu diafragma virar de ponta cabeça. Ela, nos últimos tempos, começou a violentar, ainda mais, seu organismo, pois suas emoções já estavam em frangalhos. O motivo de disfarçar sua raiva era o medo, ou seja, com o intuito de não contrariar seu marido ela disfarçava tal emoção.
Aquela mulher na verdade não buscava ser amada, no máximo, ela tentava não ser rejeitada. Ou seja, são coisas muito diferentes, por mais que algumas pessoas acreditem que não tem como amar sem a companhia do medo.
A pessoa que tem medo de ser rejeitada acaba dizendo o seguinte:
- Sinto medo por amar demais.
- Não sei amar sem sentir medo.
Relacionamentos alicerçados no medo faz a pessoa acreditar que é normal conviver com o temor do abandono. Aquela velha história, assim faz a pessoa ter momentos de prazer com o outro, porém, a maior parte do tempo é torturada pela expectativa de ser rejeitada.
A questão é que o outro é apenas o disfarce para não reconhecer, que ela não se ama o suficiente desde que se entende por gente. A pessoa quando tem esse pânico acaba deixando de ser ela mesma. A pessoa pensa da seguinte forma:
-Se eu for quem realmente sou, fulano pode não gostar. E, aí, o que vai ser de mim?
Então, passo a acreditar que corro sério risco de ser abandonada, a certeza de ser que honesta consigo mesma é visto como uma ameaça para o relacionamento.
E, definitivamente, o objetivo principal é poupar o relacionamento, mesmo que para isso tenha que passar por cima de sua digital emocional e dignidade. O desrespeito com ela mesmo é uma coisa banal e recorrente.
A ideia de que exigir respeito, sem antes ter conseguido o autorrespeito confunde suas ações. O principal engano da pessoa que tem medo de rejeitada é não se aceitar (autoaceitação). O outro não pode conhecer sua essência, sem a ansiedade da possível reprovação.
A pessoa que tem medo de ser rejeitada só consegue ver o que o outro deixou de fazer. A pessoa que vive na expectativa de não ser amada, na verdade nunca consegue lembrar-se do que o outro já fez de positivo. A pessoa que lida com tais pessoas corta um dobrado, ou seja, a pessoa só consegue lembrar do que lhe faltou.
Na verdade o problema não é o que outro deixou de fazer, mas, sim, como a pessoa interpreta os fatos. Na mente da pessoa que vive com esse temor não tem espaço para reconhecer os feitos positivos, como se ela sempre esperasse do outro o descaso.
No entanto, ela sempre consegue ter uma memória prodigiosa quando se trata do que ela um dia fez em prol do outro ou da relação. De alguma forma, ela tem orgulho do que ela fez, como o que ela fez foi um sacrifício pessoal, por exemplo, ela confunde como demonstração de amor. Nos escaninhos de sua mente não há amor verdadeiro, sem medo.
Ela diz o seguinte:
-Não estou cobrando você e nem jogando na sua cara, apenas quero te lembrar do que já fiz.
Costumo dizer que os gestos alicerçados no amor sofrem de amnesia. Desconfie sempre de pessoas que dizem amar, porém, anotam tudo que foi feito em nome do “amor sacrificante”.
A ideia de que apenas o amor é capaz de unir as pessoas faz com que essas fiquem desatentas, por exemplo, quando o motivo da união passa a ser o medo de ser rejeitado.
Antes de ingressar em novos relacionamentos, a pessoa deveria passar em revista seus medos, ou seja, ser sincera com ela mesma. De modo geral, quando desconhecemos nossos medo temos a tendência em atrair para nós o que tanto tememos. Por mais paradoxal que possa parecer, somos os maiores patrocinadores da realização do que tanto queremos evitar.
A pior rejeição não pode ser feita pelo “outro”, mas, sim por você mesmo. Enfim, o outro só consegue fazer conosco aquilo que autorizamos, mesmo que a permissão esteja misturada com uma rotina de “normalidade”.

Marcos Bersam
Psicólogo
www.marcosbersam.com.br

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