Absolvição impossível
Relacionamento em crise.
Absolvição impossível
Relacionamento em crise
Não era um estande de tiro, no
entanto, a pontaria daquela mulher andava em dia. De fato, quando menos se
esperava lá vinha ela relembrando a traição do marido. A verdade é que ela até esforçava-se para evitar voltar
ao passado, mas parece que uma força maior assumia o controle de suas ações. A
expressão “jogar na cara” cabia como uma luva na rotina daquela esposa machucada.
A mensagem do celular não deixou nenhuma dúvida de que ele tinha tido, sim,
mais do que um caso fora do casamento.
Ele pediu perdão, porém, ela
queria dar absolvição. Aquela mulher não conseguia entender que o perdão não
tem nada a ver com o fato de absolvê-lo de um crime, até mesmo porque ela já
tinha cometido o mesmo delito consigo mesmo, ou seja, ela tinha já iniciado a
autotraição, quando esqueceu-se de si mesmo após o casamento.
Ela não conseguia perdoar,
pois era ambígua sua reação a conduta do
marido, assim num misto de repulsa e admiração velada, várias vezes ela
pensou em fazer o mesmo. A culpa fazia ela não conseguir dar o veredito final
para seu companheiro. Quando pretendemos absolver alguém nos colocamos como
superiores, de certa forma, embora não parecesse ela sempre sentiu-se inferior
a todos. A consciência de sua covardia e
medo paralisavam a oportunidade de perdoar de verdade.
O marido pedia perdão, ela oferecia
uma falsa absolvição. Ele reivindicava esquecimento, entretanto, ela era
prisioneira das recordações. Ambos queriam recomeçar, mas não sabiam de que
ponto. Ela não tinha certeza de como funcionava essa coisa de perdão, talvez
não podia perdoar por também não ter se livrado da culpa, de não ter sido ela
mesma, durante toda uma vida. Tudo isso agravado com a ideia de que perdoar
tinha que estar no compasso do recomeçar, porém, ela teve a ousadia de perceber
seus limites e conseguir dizer o seguinte:
- Eu te perdoo, mas não quero mais tentar. Eu
preciso te perdoar, sem a obrigação de recomeçar.
Enfim, quando ela não sentiu mais
a necessidade de recomeçar, de repente abriu mão de absolvê-lo e contentar-se com o propósito maior do
perdão, isto é, dar liberdade para o outro e para si mesmo de recomeçar de onde
for possível.
Marcos Bersam
Psicólogo
Whats: (32) 98839-6808
e-mail:macosbersam@gmail.com
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