quarta-feira, 2 de novembro de 2011

ARTIGO DO MÊS NOVEMBRO 2011



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NÃO TERMINO NADA QUE COMEÇO!

Olá amigos internautas é sempre a mesma coisa; não demora muito sempre aparece um cliente no consultório que vem com esse aforismo. Quando não é no consultório o incomodo torna-se maior ao ouvir uma mãe dizer pra mim “meu filho não faz isso porque não gosta”. E logo em seguida não precisa ser psicólogo para ver que a velocidade de começar é só menor do que o desejo de parar de fazer. E aí temos cada vez mais crianças educadas na pedagogia do gostou, fez ou não gostou, parou. E o incrível é que aparecem aqueles psicólogos que garantem que fazer sem vontade traumatiza. E por falar em traumatizar o palavrinha mal usada; mas isso é outro tema para um próximo artigo. Talvez por isso hoje em dia sejamos muitos bons para falarmos em direitos e muito débeis para entendermos deveres. A geração de hoje aprende com muita facilidade que ela tem direitos; são tantos direitos que nem mais sei qual o mais recente. Haja vista a quantidade de estatutos. A educação de hoje é centrada na idéia de que o princípio do prazer deve ser dilatado cada vez mais. É gostoso então faço. Se não é gostoso não é preciso fazer; ou melhor, posso ter a opção de deixar de lado ou adiar, contudo com a anuência dos pais. Não fazer só o que queremos é o principio da civilização; alguns valores e normas não podem ser negociados. Ou seja, você deve ser educado, desenvolver a cortesia; pensar no outro; entender a noção de limite, respeitar; ter disciplina. Na verdade se você fizer o que gosta estará fadado a deixar enraizar em você sua natureza primitiva e animalesca. Uma das formas de não terminar algo é querendo fazer tudo ao mesmo tempo ou não sabendo o que se quer. Quando não tenho uma meta tudo se torna atrativo e essa volatilidade de vocações esbarra na falta de foco e de metas. Querer sem ter estabelecido o que, quando e de que forma atingir é a forma mais fácil de não ter sucesso. E não ter descoberto sua vocação fará mais cedo ou mais tarde não ter forças para continuar e deixar abater sobre você a prostração. Ser generalista e não usar a especificidade é um perigo quando o assunto é objetivo e metas. Vamos dizer que você quer emagrecer; tudo bem, mas de que forma? Quanto? Em quanto tempo? Por qual motivo? Com ajuda de quem? De que maneira? A pirraça usada pelas crianças para evitar algo na vida adulta se transforma em condutas de adultos que fazem mal feito ou pela metade suas tarefas. Então é aquela velha estória sujeito faz um curso aqui, faz outro ali, começa muito inspirado hoje e amanhã desmotivado. Então temos aquela velha situação o sujeito teve sucesso porque fez o que gostava ou aprendeu a gostar do que fazia. Antes de gostar temos de conhecer, interagir, experimentar. Ninguém escolhe um destino de sua viagem de fim de ano pensando no motorista ou no piloto. Eles são parte da viagem sim, mas com certeza você não saberá o nome dele, não irá tirar fotos com ele e nem precisa gostar dele para ele te levar até o destino. Certo? Estou falando isso; pois temos jovens escolhendo ainda a profissão pensando em que disciplina escolar tem afinidade. Tais motivos são medíocres demais numa escolha; ninguém escolhe ir para o fim do mundo porque o piloto do avião tem os olhos azuis. Gosto de português farei isso, gosto de história faço aquilo, mas tem a matemática. A profissão tem que ser escolhida por um sentido maior não tão pequeno. A profissão tem que ter um propósito e tem que reunir a capacidade de proporcionar mudança na vida do outro. A profissão tem que ter entusiasmo, paixão, justiça, utilidade e sentido existencial. A capacidade de escolha de muitos sempre ficou embotada. De modo geral quem vai nos ajudar também não escolheu nada. Então as suas motivações não podem depender de estar gostando ou não; imagine se a sua capacidade de motivação estiver atrelada a algo tão volátil como prazer. Nunca se fez tanto o que se queria e nunca se teve tantas pessoas frustradas como hoje em dia. Nunca se teve tanta liberdade de escolha e nunca se ficou tão sem saber qual caminho seguir como nos dias atuais. Faculdades e cursos crescem na mesma velocidade da insatisfação profissional. Tem a máxima que gosto muito que o sucesso só vem antes do trabalho no dicionário; na vida de modo geral o sucesso é colhido depois de muito esforço; disciplina; tenacidade e isso não é gostoso é muitas vezes doloroso. Na verdade muitos não terminam porque na verdade nunca começaram de verdade, imagino ser mais fácil dizer e afirmar que não terminou; pois quando falamos isso pressupomos que pelo menos tentamos. Alivia nossa culpa causada pela inércia e encarnamos o papel de vitimas. Eu sei que muitos vão discordar, mas começar pra mim é muito mais do que desejar, tentar ou arriscar. Ou apenas emprestar seu corpo a uma situação sem o entusiasmo, ímpeto e disciplina necessário. Quem sabe não falta você rever se você não termina nada que começou porque de fato nunca teve um começo?

Dr. Marcos Bersam

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